Diante da pandemia de coronavírus, o que não falta são dúvidas. A orientação dos órgãos e profissionais de saúde é que, em caso de sintomas gripais leves, as pessoas não procurem as unidades de saúde. 

Isso porque, se for coronavírus, o tratamento será feito em casa e, muito provavelmente, não será feito o teste para comprovar a doença – que está sendo realizado apenas em pacientes graves. E, se não for coronavírus, a pessoa acaba exposta, já que os hospitais são os locais de maior risco de transmissão e contaminação.

Então, o que fazer se apresentar tosse, dor de garganta ou febre? Nesses casos, a orientação da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte é que as pessoas acompanhem a evolução e procedam conforme algumas definições:

- Coriza + dor de garganta – permanecer em casa
- Coriza + dor de garganta + febre – ficar alerta em casa
- Coriza + dor de garganta + febre + tosse – procurar um Centro de Saúde, utilizando máscaras ou outra forma de proteção no rosto, como, por exemplo, um lenço;
- Coriza + dor de garganta + febre + tosse + falta de ar – procurar um serviço de urgência, utilizando máscaras ou outra forma de proteção no rosto, como, por exemplo, um lenço.

Segundo o médico infectologista Carlos Starling, que integra o Comitê de Enfrentamento à Epidemia do Covid-19 em Belo Horizonte, nos casos em que a orientação é ficar em casa, o paciente deve tomar os mesmos cuidados que teria em uma gripe comum. 

"A recomendação é tomar bastante líquido, fazer repouso e pode tomar algum antitérmico à base de dipirona ou paracetamol, pode fazer gargarejo com água morna, sal e limão ou usar pastilhas para eventual desconforto na garganta. Mas o mais importante é ficar atento à dificuldade de respirar e também à febre alta e que não passa, porque, nesses casos, é preciso procurar atendimento médico", alertou.

Outro cuidado reforçado pelo infectologista é a realização do autoisolamento dentro de casa, para evitar de transmitir a doença, seja ela uma gripe ou a provocada pelo coronavírus, aos demais moradores. “Especialmente se o paciente mora ou convive com idosos ou pessoas diabéticas ou hipertensas, que formam o grupo de risco da Covid-19”.

Starling orientou ainda que, caso haja necessidade de auxílio médico, a população deve ir à Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência, ou, se o caso for mais grave, o paciente pode procurar uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA). Caso haja necessidade, os próprios profissionais de saúde farão o encaminhamento a um hospital.

A mesma orientação é adotada pelo governo de Minas, que, por meio de nota da Secretaria de Estado de Saúde (SES), recomenda que "o paciente, ao identificar os sintomas, deverá buscar a Unidade Básica de Saúde mais próxima. Ao chegar à UBS, deverá ser fornecida imediatamente ao paciente uma máscara cirúrgica, e ele deverá ser conduzido a uma sala isolada". 

No entanto, em coletiva concedida na última segunda-feira, o próprio governador Romeu Zema (Novo) afirmou que o Estado já registrava falta de equipamentos de proteção individual, como máscaras.

Hospitais de referência no tratamento da Covid-19 

A Prefeitura de BH informou que mantém leitos para pacientes que necessitarem de internação por causa do coronavírus, sendo dez leitos de CTI na Santa Casa, no bairro Santa Efigênia, na região Leste da capital, e 20 leitos clínicos no Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, no bairro Milionários, na região do Barreiro.

Também a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) tem dois hospitais de referência no atendimento a vítimas da doença na capital mineira. São eles o Hospital Eduardo de Menezes, no bairro Bonsucesso, na região do Barreiro, e o Hospital Infantil João Paulo II, no centro.

Além disso, em entrevista coletiva transmitida pelas redes sociais na última segunda-feira (24), o governador Romeu Zema (Novo) informou que estuda montar leitos de campanha em Belo Horizonte. Um dos locais avaliados pelo governo do Estado é o Expominas, no bairro Gameleira, na região Oeste da capital. 

Já a nível de Minas Gerais, a Secretaria informou que os hospitais de referência para o atendimento aos casos suspeitos de coronavírus são os que constam no Protocolo Estadual Infecção Humana pelo SARS-COV-2 (Doença pelo Coronavírus COVID-19), atualizado pela última vez no dia 4 de março. São eles:

- Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), atendendo às macrorregiões do Triângulo do Sul, Triângulo do Norte e Noroeste
- Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, em Ipatinga, atendendo às macrorregiões Leste, Leste do Sul, Vale do Aço e Nordeste
- Hospital das Clínicas Samuel Libânio, em Pouso Alegre, atendendo ao Sul de Minas;
- Hospital Regional João Penido, em Juiz de Fora, atendendo aos pacientes das macrorregiões Sudeste e Centro-Sul;
- Hospital Universitário Clemente de Faria, em Montes Claros, atendendo a todo o Norte do Estado.

A secretaria informou ainda que esses hospitais de referência também “prestam capacitação e orientação aos demais prestadores de serviços de saúde em nível hospitalar”. Dessa forma, “outros estabelecimentos de saúde, com isolamento respiratório, também estão aptos a atender a população. Portanto, para os casos que tiverem necessidade de internação, os hospitais que tenham leitos para realização de isolamento estão aptos a prestarem atendimentos e internações desses pacientes".

A SES foi questionada sobre quantos leitos há disponíveis para o atendimento de pacientes graves com a Covid-19 em Minas, ou seja, com respirador e isolamento adequado, mas até o fechamento da matéria não havia respondido.