Luto

Corpo de Brant é velado no Palácio das Artes

O corpo será enterrado por volta de 16h no Cemitério do Bonfim; familiares se despedem dele em velório

Por Natália Oliveira / Rafael Rocha
Publicado em 13 de junho de 2015 | 09:44
 
 
 
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O velório do escritor e compositor Fernando Brant teve início na manhã deste sábado (13). O corpo está sendo velado no Palácio das Artes, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Familiares demonstraram todo o carinho que tinham por Brant e contaram que estavam otimistas com sua recuperação. Artistas e políticos lamentaram a morte do compositor e ressaltaram sua importância para a música brasileira.  

O irmão do compositor, Moacyr Brant, contou que a família era muito religiosa e estava muito otimista na recuperação da cirurgia de transplante de fígado, que acabou tendo complicações. "Meu irmão acreditava que essa cirurgia seria uma oportunidade para ele continuar a viver. Na segunda-feira ele estava muito consciente e bastante otimista", lembrou. 

Ele ainda fez uma referência a "Canção da América" escrita pelo irmão e disse que vai levá-lo sempre do lado esquerdo do peito. "O Fernando era um irmão incrível e ele amava os pais como poucas pessoas amam", se emociona. Ainda de acordo com ele, a família recebeu notícias de que o cantor Milton Nascimento está bastante abalado com a morte. E que todos do Clube da Esquina demonstraram tristeza. "Meu irmão era um homem de uma áurea muito grande", conclui. 

Veja o vídeo com os últimos instantes do velório de Brant:

 

O genro de Brant, Arthur Mendes, também enfatizou o otimismo da família e do próprio compositor. "Ele estava confiante e cheio de planos", contou. O presidente da Fundação Clóvis Salgado, Augusto Nunes Filho, também lamentou a morte do compositor. “Foi uma perda irreparável para Minas e também para o Brasil. Quando soube da morte, ouvi um disco da Elis Regina que tem ‘Travessia’ e outras duas composições do Brant”, disse.

O músico e compositor Flávio Henrique considerou a morte de Brant como o dia mais triste para a música brasileira. "Ele foi o primeiro grande artista que conheci e me ajudou a entrar para a música. Ele foi uma referência e ajudou a levar a música brasileira para o mundo", destacou. Segundo ele, Brant foi um dos pioneiros na luta pelos direitos autorais. 

O candidato derrotado nas eleições do ano passado para governador de Minas, Pimenta da Veiga, também esteve no velório e ressaltou o legado deixado pelo compositor. "Suas canções eletrizaram multidões em Minas e no Brasil", afirmou. Estão presentes no velório a diretora executiva da Fundação de Educação Artística, Berenice Menegali e o compositor e parceiro de Brant, Tavinho Moura.

O senador Aécio Neves (PSDB) , o governador Fernando Pimentel (PT) e o prefeito Marcio Lacerda também se despediram de Brant. Durante a manhã, ainda não havia fãs no velório. O corpo de Brant chegou ao Palácio por volta de 8h15. No entanto, o movimento no local estava tranquilo até por volta de 10h30. O corpo será enterrado por volta de 16h no Cemitério do Bonfim. 

Velório no Palácio

A última vez que um corpo foi velado no Palácio foi na década de 80, quando a atriz Vanda Fernandes, uma das fundadoras do grupo Galpão, morreu. Ela ficou conhecida depois de interpretar Julieta em uma montagem de Gabriel Vilela.

Morte

Brant  morreu aos 68 anos no Hospital das Clínicas, depois de complicações em uma cirurgia de transplante de fígado. Fernando Brant estava internado desde segunda-feira, quando se submeteu a um primeiro transplante. Após uma semana internado, ele teve que ser submetido a um segundo procedimento, mas não resistiu. Ele já havia se submetido a outra cirurgia, há dois anos, para a retirada de um tumor no órgão.

Clube da Esquina

No início dos anos 60,  Fernando Brant conheceu o amigo Milton Nascimento. Em 1967, Milton conseguiu convencer o então hesitante Brant a escrever sua primeira letra. Era “Travessia”, composição que, no mesmo ano, ganhou o segundo lugar no II Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro, funcionando como o estopim da carreira de sucesso de Milton. Em 1969, conseguiu trabalho como jornalista na revista “O Cruzeiro”.

Nesse mesmo ano, em Belo Horizonte, Brant e os amigos começaram a articular o projeto que se tornaria o Clube da Esquina. A parceria com Milton, Lô Borges, Tavinho Moura e outros membros do Clube mostrou-se muito produtiva, gerando mais de 200 canções, entre as quais há clássicos como “San Vicente”, “Saudade dos Aviões da Panair (Conversando no Bar)”, “Ponta de Areia”, “Maria, Maria”, “Para Lennon e McCartney”, “Canção da América” e “Nos Bailes da Vida”, entre muitas outras.
 

Atualizada às 13h58

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