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Crimes raciais, desvio de vacinas, menos ônibus e dengue: veja resumo da semana

A reportagem de O TEMPO listou alguns assuntos que foram destaques em Belo Horizonte e em Minas Gerais entre os dias 28 de abril e 4 de maio

Por O Tempo
Publicado em 04 de maio de 2024 | 06:00
 
 
 
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No país onde 55,5% da população se identifica como preta ou parda, conforme dados do Censo 2022, crimes raciais estão cada vez mais recorrentes. Em Minas Gerais, por exemplo, os registros de racismo saltaram 98% — passando de 189 em 2022, para 376 em 2023. Os casos de injúria racial também apresentaram aumento nos últimos doze meses — 44% (de 496 para 718).

Este foi um dos assuntos do noticiário na semana entre os dias 28 de abril e 4 de maio. Outro assunto que repercutiu nos últimos dias foi a redução de 21 ônibus do transporte suplementar de passageiros de Belo Horizonte, também conhecido como os ônibus amarelinhos. A decisão da prefeitura da capital causou a revolta dos permissionários, que trabalham nestas linhas complementares. Uma manifestação foi realizada na sexta-feira (3 de maio).

A reportagem de O TEMPO listou abaixo alguns assuntos que foram destaques durante a semana em Belo Horizonte e em Minas Gerais.

Confira o resumo:

Plano engavetado após gasto sem ações práticas será atualizado por R$ 3 milhões

Moradora da região Nordeste de Belo Horizonte, a farmacêutica Leandra Almeida, de 40 anos, gasta entre 1h20 e 3h30 no trajeto de casa ao trabalho, em Caeté, cidade a 40 quilômetros da capital, na região metropolitana. O desgaste pelo deslocamento se soma ao gasto diário de mais de R$ 30 em passagem. Eu acredito que com uma tarifa única ficaria mais fácil”, conta. O que Leandra não sabe é que essa solução já foi mapeada há mais de uma década, em um plano com custo de mais de R$ 6 milhões aos cofres estaduais. Só que o estudo foi engavetado e agora passará por uma revisão com novo investimento previsto de R$ 3,2 milhões.  

O Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI) foi elaborado em 2009 e aprovado em 2011. A promessa era a resolução de problemas ligados à mobilidade, ao desenvolvimento econômico, além da criação de polos produtivos com geração de empregos. Ele foi desenvolvido através de processo participativo, que uniu cidadãos metropolitanos e entidades técnicas responsáveis, com a chancela do Conselho Deliberativo de Desenvolvimento Metropolitano (CDDM). Em um primeiro momento, o estudo custou R$ 3,09 milhões. Em 2013, ele foi complementado com o macrozoneamento (que é a divisão da cidade em áreas com determinados perfis construtivos) ao custo de R$ 2,99 milhões.  

Nada disso foi levado adiante. Anos de investimentos e estudos foram arquivados em 2017. Agora, renomeado como Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana de Belo Horizonte (PDUI-RMBH) - ele  passa por revisão sem, contudo, ter tornado realidade mudanças importantes previstas, como a ampliação das linhas do metrô, e sem garantias de ser aprovado. O novo investimento previsto é de 3,2 milhões e a expectativa é que o estudo seja concluído em março de 2025. O novo plano terá cinco eixos temáticos: o ordenamento territorial, habitação, mobilidade, desenvolvimento socioeconômico e meio ambiente da região metropolitana, que é composta por 34 municípios.

Fábrica produzirá 2 milhões de mosquitos da dengue com Wolbachia por semana em MG

Após estudos indicarem, ainda em 2019, uma relação entre rompimentos de barragens de minério e um aumento nos casos de dengue e outras doenças, Minas Gerais deu um passo na tentativa de reparar mais este impacto decorrente do crime ambiental de Córrego do Feijão, em Brumadinho, com a entrega da Biofábrica Método Wolbachia. 

Em solenidade realizada na última segunda-feira (29 de abril) na fábrica, localizada na região Oeste de Belo Horizonte, o governo do Estado anunciou que a previsão é de uma produção semanal de 2 milhões de "Wolbitos", como são chamados os mosquitos Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia, capaz de impedir que eles transmitam as arboviroses - dengue, zika e chikungunya.

A medida foi anunciada em meio à pior epidemia de dengue da história de Minas Gerais, com 324 mortes confirmadas e outras 769 em investigação, além de 556 mil casos já garantidos por testes da doença em 2024. Porém, a fábrica de mosquitos tem a promessa de eficácia de médio a longo prazo, não fazendo diferença no cenário atual da doença no Estado.

Terrenos desapropriados no Lagoinha, em BH, darão lugar a 80 apartamentos populares

Em um prazo previsto de até quatro anos, seis terrenos desapropriados e que tiveram as suas construções demolidas pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), na altura do número 197 da Avenida Antônio Carlos, no bairro Lagoinha (Centro), devem dar lugar a um empreendimento composto por cerca de 80 unidades habitacionais e um andar destinado a um centro comercial.

O projeto faz parte do Programa de Requalificação do Centro de BH, lançado em 2023, que tem entre os seus objetivos a viabilização de moradias de interesse social, em parceria com empresas privadas que vão atuar como investidoras. No local, ao menos seis empresas funcionavam como "ferros-velhos". Os empresários responsáveis foram procurados pelo executivo municipal e vão receber as indenizações à medida que os acordos forem firmados, seja consensualmente ou por via judicial. Os valores não foram divulgados pela PBH. 

'O trabalho com as árvores da capital é bem feito', diz Fuad após receber prêmio

O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, avaliou como "bem feito, organizado e estruturado" o trabalho realizado com as árvores da capital mineira. Na terça-feira (30 de abril), ele recebeu o certificado que atesta o município como "Cidade Árvore do Mundo". O título é concedido pelo programa Tree Cities of The World, da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

“Eu fico muito satisfeito porque esse título que a gente recebeu, para mim, é a prova maior, porque o trabalho feito com as árvores da capital é bem feito, estruturado e organizado. É um trabalho que dá orgulho para o povo de Belo Horizonte”, disse o prefeito.

MG registra aumento de até 98% em crimes raciais: 'Não vou me calar'

“Eu me sinto desmotivada, sem ânimo para trabalhar. Mas não vou me calar. Sinto que ao denunciar estou fazendo isso por mim e por tantas pessoas que sofrem o mesmo crime, que é tão inaceitável”. O relato é da streamer em plataforma digital Arlinda de Lima, de 37 anos, uma das vítimas de racismo em Minas Gerais nos últimos meses. Em um ano, os registros deste tipo de crime saltaram 98% — passando de 189 em 2022, para 376 em 2023.

Os casos de injúria racial também apresentaram aumento nos últimos doze meses — 44% (de 496 para 718). Somente no primeiro bimestre de 2024, a alta foi ainda maior — 186%. Nos dois primeiros meses do ano passado, foram registrados 82 casos. No mesmo período deste ano (janeiro e fevereiro), foram 235. O aumento de ocorrências junto às autoridades de segurança é, na análise de especialistas, reflexo dos movimentos sociais e, ao mesmo tempo, mostra confiança na apuração dos casos. 

Enfermeira e funcionária de posto de saúde são investigadas por desvio de vacina

Uma enfermeira e uma outra servidora, que trabalham no Centro de Saúde Noraldino Lima, na região Oeste de Belo Horizonte, são investigadas pelo desvio de 12 doses da vacina contra a gripe. O caso ocorreu há duas semanas no centro de saúde onde elas trabalham, e é acompanhado pela Corregedoria-Geral do Município.

De acordo com denúncia recebida pela reportagem de O TEMPO, a enfermeira teria aspirado 12 doses do imunizante em uma seringa a pedido dessa funcionária da unidade de saúde. Conforme a denúncia, ela teria pedido as doses para vacinar seus familiares e amigos, que não estariam no grupo prioritário para receber a imunização. 

Os imunizantes teriam sido aplicados fora do centro de saúde, o que configura a prática irregular. Apenas pacientes acamados e debilitados podem receber a vacinação em casa, mediante a autorização do gestor do centro de saúde.

Transporte suplementar tem frota reduzida, e permissionários pedem negociação

O transporte suplementar de passageiros de Belo Horizonte, também conhecido como os ônibus amarelinhos, teve a frota reduzida em 21 carros. O sistema, que originalmente tinha 300 ônibus, atuava com 242 ônibus, mas passou a rodar com apenas 221. A informação é do Sindicato dos Permissionários Autônomos do Transporte Suplementar (Sindpautras).

Ao todo, são 21 contratos que estavam vencendo, pertencentes aos beneficiários (viúvas e filhos) de permissionários que morreram ou se tornaram incapazes. Além disso, dois motoristas já desistiram de suas permissões nas últimas semanas. Em setembro de 2023, a Prefeitura de Belo Horizonte convocou os excedentes do credenciamento de 2016 para repor as vagas, mas apenas 49 candidatos entregaram os documentos necessários. 

Destes, 13 completaram todas as etapas legais e passaram a circular na cidade, e outros 4 estão na fase final e devem começar a rodar nas próximas semanas. A decisão da prefeitura da capital causou a revolta dos permissionários, que trabalham nestas linhas complementares. Uma manifestação foi realizada na sexta-feira (3).

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