A jornalista e escritora Déa Januzzi, um dos ícones da imprensa mineira, morreu aos 68 anos na tarde desta quarta-feira (4). Ela esstava há 12 dias internada no Hospital Metropolitano Célio de Castro, região do Barreiro, em Belo Horizonte, após passar mal em casa. A causa do óbito não foi divulgada, mas os exames para Covid-19 deram negativo.
Ela trabalhou por mais de 30 anos nos Diários Associados, e publicou um livros sobre as aventuras da maternidade, "Coração de Mãe". Déa formou-se jornalista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) nos anos 1970 e fez parte da contracultura mineira. Participou do movimento Quem Ama Não Mata, criado na sequência dos julgamentos do playboy Doca Street, que assassinou a socialite mineira Ângela Diniz, conhecida como "a pantera de Minas".
Ela deixa o filho, Gabriel, personagem de várias de suas crônicas. Déa era filha do craque do futebol mineiro Guaracy Januzzi, que deu nome ao Troféu Guará, em 1963, e de Amélia Januzzi.
Nas redes, muitos colegas prestaram suas homenagens a ela. "Deixa um legado de amor ao jornalismo, ofício por qual tinha enorme paixão. Aos 68 anos tentava se reiventar e dominar as novas tecnologias para permanecer fazendo o que gostava: escrever. E como escrevia bem. Era sensivel, tinha um olhar apurado para o cotidiano, tanto que era excelente cronista", postou a presidente do Sindicato dos Jornalistas, Alessandra Mello.
Naquela que acabou sendo sua última crônica publicada ("Sonhos Ressuscitados", no site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais), Déa falou sobre o convite para trabalhar no Canto da Rua Emergencial, projeto da Pastoral Nacional do Povo da Rua, na Serraria Souza Pinto. "Conhecer Cristina Bove e a equipe de trabalho da Rede Humanitária Canto da Rua Emergencial foi um toque na estrela. Até que, enfim, o meu mundo se desintoxicou, apesar do coronavírus. Como se olhasse no espelho da alma e enxergasse os sonhos sendo restaurados pelos melhores artífices. Estavam todos ali, guardados dentro de mim, mas cobertos de poeira e mofo. Foi como ressuscitar os sonhos pisoteados, como se a luz interna se acendesse outra vez. Uma espécie de farol iluminando o caminho de um mundo mais humano, de uma economia fraterna, da argamassa da vida, da sustentabilidade do ser".