No mesmo dia em que alguns de seus servidores foram alvo da operação "Forseti", fruto da apuração da Polícia Federal (PF) sobre esquema de corrupção, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, o Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri), da Polícia Civil, também acabou tendo policiais de seu quadro envolvidos em outra operação, mais uma vez sobre agentes corrompidos pelo tráfico de drogas. 

A operação "Higia" - cujo nome faz referência à deusa da saúde, limpeza e sanidade -, foi deflagrada nesta terça-feira (28) de maneira conjunta, envolvendo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a Corregedoria-Geral da Polícia Civil, a Polícia Militar (PM) e o Departamento Penitenciário de Minas. Ao todo, foram cumpridos 14 mandados de prisão preventiva e 40 mandados de busca e apreensão. 

As investigações descobriram uma organização criminosa voltada para os crimes de corrupção passiva, ativa e lavagem de dinheiro, sendo que eram pagos valores indevidos a agentes do Depatri e, também, do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc) e do Departamento Estadual Investigação Crimes de Trânsito (Deictran).

"Segundo o apurado, os policiais civis investigados recebiam de criminosos, em sua maioria traficantes de drogas, vantagens indevidas para que não houvesse um efetivo enfrentamento dos crimes por eles praticados, favorecendo, assim, o exercício das suas rentáveis atividades criminosas. Os contatos entre os policiais civis e os criminosos, bem como o recolhimento do dinheiro dos traficantes e a sua entrega aos policiais, eram intermediados por um advogado, que também teve sua prisão preventiva decretada", detalhou o órgão por meio de nota. 

Foram cumpridos mandados nas cidades de Belo Horizonte, Betim, Ribeirão das Neves, Vespasiano e Curvelo. Também aconteceram buscas em celas de quatro investigados que já estavam detidos em unidades prisionais de Patrocínio e Ribeirão das Neves. 

Operações foram planejadas conjuntamente

Ainda conforme o MPMG, tanto a operação "Forseti", deflagrada pela PF e pela Corregedoria da Polícia Civil, como a "Higia", foram objeto de um planejamento conjunto, com medidas cautelares deferidas pela 2ª Vara de Tóxicos, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores de Belo Horizonte. Apesar do planejamento em comum, os alvos das operações eram diversos. 

No caso da operação da PF, foram cumpridos nove mandados de prisão preventiva e 23 mandados de busca e apreensão nos municípios de Belo Horizonte, Contagem, Nova Lima, Ibirité, Sarzedo, Sete Lagoas e Juiz de Fora.

Além disso, foi determinado bloqueio de valores em 24 contas bancárias e sequestro de 23 imóveis e veículos. A decisão foi expedida pela 2ª Vara de Tóxicos, Organização Criminosas e Lavagem de Dinheiro de Minas Gerais. 

Seis policiais foram afastados do trabalho e podem responder por tráfico de drogas, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Caso sejam condenados, a pena prevista chega a 37 anos de prisão. 

Segundo a PF, os policiais civis alvos da operação Forseti são suspeitos de receberem “vultosos valores para esvaziar o procedimento investigativo sobre um indivíduo preso na cidade de Ribeirão das Neves”, na região metropolitana.

O homem foi encontrado com 36 quilos de cocaína em um laboratório de armazenamento e refinamento da droga. A apuração federal mostra que a negociação do grupo criminoso com os policiais civis garantiu a soltura do preso e a devolução dos entorpecentes apreendidos.