Saúde

Diarréia matou 43 crianças em um ano e meio em MG; saiba quando se preocupar

Mortes são de crianças entre 0 e 5 anos; Estado já soma mais de 30 mil casos da doença nos pequenos em 2023

Por Raíssa Oliveira
Publicado em 12 de julho de 2023 | 12:36
 
 
 
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As diarréias intestinais, apesar de parecerem inofensivas, representam um risco à saúde, sobretudo das crianças. Além de causar desidratação, a doença pode, em casos mais graves, levar à morte. Desde o início de 2022, 43 crianças menores de 5 anos morreram em Minas Gerais devido a complicações associadas à diarreia. 

Dados do Ministério de Saúde apontam que no ano passado o estado registrou mais de 500 mil casos de diarreia, sendo aproximadamente 89 mil em crianças de até 5 anos de idade. Ao todo, houve 27 óbitos entre os menores de 1 ano, e outras sete mortes entre a faixa de 1 a 5 anos. 

Em 2023, mais de 227 mil casos de diarreia foram notificados entre os mineiros, com 264 surtos da doença. Entre os menores de 5 anos, os casos já passam de 30 mil. No total, 170 óbitos com causa básica associada à diarreia já foram constatados, sendo seis em menores de 1 ano e outros três em crianças entre 1 e 4 anos - totalizando nove mortes.

Os números ligam o alerta para pais e responsáveis sobre os cuidados necessários para evitar a ocorrência de novas mortes. Para a referência técnica em Toxoplasmose e Rotavírus da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), Michely Aparecida de Souza, os números são preocupantes, tendo em vista que, muitas vezes, os óbitos ocorrem por causas evitáveis. “São mortes que podem ser prevenidas por meio de assistência oportuna, com manejo clínico do paciente de forma adequada, vacinação e educação em saúde para favorecer boas práticas”, avalia.

A especialista ressalta que os casos mais graves podem ser evitados através da vacinação contra o rotavírus, que previne contra doenças diarreicas agudas. Dados divulgados pela SES-MG mostram que, em 2023, a cobertura vacinal contra o rotavírus está em 79,96%.

“No entanto, outras vacinas, como a contra o sarampo e a contra hepatite A também podem proteger contra essas doenças quando associadas à diarreia. É importante ressaltar que a vacinação não apenas reduz a incidência de casos graves, mas também pode salvar vidas”, destaca.

Os imunizantes são disponibilizados gratuitamente pelo SUS e é recomendado para crianças aos 2 e 4 meses de idade.

Sintomas

Os casos de diarreia são caracterizados por um mínimo de três episódios em um período de 24 horas, acompanhados pelo aumento do número de evacuações e diminuição da consistência das fezes. Os sintomas também podem incluir náuseas, vômitos, dores abdominais e febre. Segundo Michely Souza, crianças desnutridas, com baixo peso e com condições crônicas de saúde têm maior risco de desenvolver casos mais graves.

O diagnóstico da gastroenterite aguda é essencialmente clínico, baseado em exames clínicos e anamnese feitos pelo profissional que realiza o atendimento nas unidades de saúde. Em casos de sinais de alerta, como sangue nas fezes ou desidratação, é necessário procurar um serviço de saúde para avaliação médica adequada. Em alguns casos, o diagnóstico pode exigir investigação laboratorial para identificação do agente causador.

O tratamento dos casos de diarreia em crianças envolve, principalmente, a prevenção de forma a evitar que outras pessoas possam adoecer a partir desse agente infeccioso, e a reidratação com a ingestão de líquidos, seja por meio de soros orais ou, em casos mais graves, por fluidos intravenosos. “É fundamental que os pais compreendam que a gastroenterite em crianças menores de 5 anos não deve ser considerada apenas uma dor de barriga e, sim, uma condição que requer atenção médica”, alerta a especialista.

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais esclarece que promove ações que favorecem a prevenção da diarreia, o monitoramento de casos e surtos, bem como a investigação epidemiológica e a garantia de acesso a vacinas essenciais.

"Além disso, a SES-MG promove ações de educação em saúde para conscientização sobre a importância da vacinação e das boas práticas de prevenção", diz o comunicado.

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