Um suposto esquema de sonegação fiscal envolvendo os negócios de um milionário empresário mineiro foi revelado ontem numa megaoperação que envolveu Ministério Público Estadual, Receita Estadual, Agência Nacional de Saúde (Anvisa) e as polícias Militar e Civil. Na ação, denominada operação Panaceia, foram presos Ildeu de Oliveira Magalhães, 55, e sócio dele, Renato Alves da Silva, 40.

Eles comandam o laboratório Hipolabor Farmacêutica e outras empresas especializadas na fabricação de medicamentos, entre eles emagrecedores e anestésicos e, conforme as investigações, são os responsáveis pelo esquema de fraudes no recolhimento de impostos e manobras ilegais na participação em licitações públicas. Ontem à noite, o Ministério Público confirmou a prisão da farmacêutica Larissa Pereira, que trabalha no grupo.

As empresas comandadas por Ildeu Magalhães ainda são investigadas por adulteração de medicamentos, o que teria resultado nas mortes de três mulheres - duas em Minas e uma no Espírito Santo.

O enriquecimento acelerado do empresário, num período que coincide com a sonegação de impostos no Hipolabor e nas outras empresas do grupo, foi o que motivou a investigação iniciada em 2009. O Ministério Público estima em R$ 12 milhões o patrimônio do empresário e calcula que em apenas uma das contas dele no exterior foram movimentados recentemente R$ 4 milhões. A Justiça mandou bloquear os imóveis de Magalhães.

"Desde 2004, a empresa Hipolabor já teria sido autuada em R$ 4 milhões. Grande parte desse valor foi prontamente quitado ou parcelado, o que já seria um indício de caixa 2", informou o promotor Renato Froes Alves.

Ontem, durante a operação, as sedes administrativas do Hipolabor, o laboratório de produção, e de outras duas empresas do grupo - Sanval e Rhamis - foram vasculhadas. No apartamento de Magalhães, um imóvel de luxo avaliado em R$ 6,5 milhões no bairro de Lourdes, foram apreendidos 112 mil, US$ 30 mil e uma arma.

Ao mesmo tempo, o apartamento de Renato Alves, no Belvedere, também era alvo da operação. Lá foram encontrados documentos que comprovariam o esquema de sonegação. O material recolhido nos seis locais onde foram cumpridos os mandados de busca e apreensão serão periciados.

No laboratório da empresa, na BR-262, em Sabará, além de documentos, foram recolhidos medicamentos. Durante a operação, os funcionários não puderam entrar no local. Os empresários deverão ficar detidos pelos próximos cinco dias, quando vence o prazo da prisão temporária. A dupla foi levada para o Ceresp São Cristóvão. A farmacêutica, para o Centro-Sul. (Com Natália Oliveira)