Curvelo. "Estou triste porque perdi um irmão, mas feliz porque vou poder enterrá-lo". Foi assim que o mecânico Davi Malta, 34, descreveu o sentimento de alívio ao reconhecer em Curvelo, na região Central, o corpo do também mecânico Isaías Vieira, 31, vítima do acidente que deixou 15 mortos, anteontem, na BR- 040. O ônibus em que ele estava levava trabalhadores de Paracatu, no Noroeste de Minas, para Ipatinga, no Vale do Aço, e se chocou com uma carreta que transportava um suporte de turbina eólica, na altura de Felixlândia.
Segundo Davi, o processo de reconhecimento foi longo e a faltaram informações. "Primeiro, não sabiam se ele tinha morrido e nos falaram que havia dois feridos graves em Belo Horizonte. Fomos lá e não os reconhecemos. Aqui em Curvelo, fui ao Instituto Médico Legal (IML) porque três corpos estavam sem identidade, mas também não eram do meu irmão. Então, nos autorizaram a abrir os 12 caixões com os corpos já identificados e, no décimo, eu vi meu irmão. Ou seja, ele ia ser enterrado com o nome de outra pessoa, por outra família".
Ainda, segundo Davi, a identificação dos corpos, muitos mutilados com o impacto do acidente (a carreta, segundo a Polícia Civil, pesava 40 t), foi feita apenas com os documentos dos trabalhadores, o que pode ter gerado o equívoco.
Feridos. Em Belo Horizonte, dois feridos seguem em estado grave. "Ele teve traumatismo craniano, quebrou as duas pernas e também a costela", contou a aposentada Zélia Ferreira dos Santos, 58, mãe do mecânico Walace Ferreira, 32. O outro ferido é Douglas Senna, 20.
Quarenta e três pessoas estavam no ônibus. Seis feridos seguem internados em Curvelo, Sete Lagoas e na capital. Os demais voltaram ontem cedo para Ipatinga. (Com Jhonny Cazetta)
Adriano Ferreira Lopes, 28
Altair Bicalho, 44
Carlos Ferreira dos Santos, 46
Davi de Farias Mendes*
Gilberto de Souza Gonçalves, 51
Empresa
Apoio. O presidente da Conenge, Heleno Conte, disse que presta toda ajuda necessária aos feridos e às famílias dos mortos (velórios, traslados, hospedagem e alimentação). E ele afirma ainda que se o motorista da carreta estivesse devagar, "a tragédia seria menor".