Operação Hades

Dupla do tráfico conhecida pela crueldade é presa em operação da PC

Suspeitos foram presos durante operação da Polícia Civil que cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão na capital e na região metropolitana

Por Michelyne Kubitschek
Publicado em 11 de junho de 2019 | 13:20
 
 
 
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Dois traficantes, de 18 e 19 anos, suspeitos de executar vítimas que não teriam relação com o tráfico de drogas, utilizando de crueldade e frieza, foram presos em Contagem, na região metropolitana, na manhã desta terça-feira (11), durante cumprimento de 38 mandados de prisão e de busca e apreensão provenientes da operação "Hades", da Polícia Civil. O nome da operação foi escolhido em alusão ao deus grego Hades, conhecido como "Rei dos Mortos'.

Além da dupla, um terceiro homem, de 27 anos, foi preso em flagrante por tráfico de drogas. Uma mulher de 22 anos, sobrinha do suspeito, foi conduzida com o homem.

Com apoio do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), cerca de 100 homens da Polícia Civil atuaram em Contagem, Ribeirão das Neves, São Joaquim de Bica e em Belo Horizonte.

A operação, iniciada há dois anos, tomou novas proporções com a morte de duas vítimas, assassinadas em novembro de 2018 e janeiro de 2019, respectivamente. 

Segundo o promotor do Ministério Público Henry Vasconcelos, Rafael Assis, 18, e Agnaldo Muniz Pereira, 36, não tinham envolvimento direto com  tráfico. 

De acordo com ele, Rafael havia se mudado para o bairro Parque São João, em Contagem, há pouco mais de um mês. Usuário de drogas, o rapaz passou a atuar como "olheiro" do tráfico. 

"Isso mais viabilizar a satisfação do próprio vício. Ele teria sido encubido de entregar R$50 a traficantes da região e esse valor não teria sido entregue a um dos gerentes do tráfico, sendo ele, assim, setenciando de morte", revelou o promotor.

Em novembro do ano passado, durante uma visita à casa do jovem, a mãe da vítima se deparou com o rapaz ferido. 

"Ele foi espancado por traficantes na parte da manhã. A mãe, vendo o estado do filho percebeu que seriam traficantes que tinham machucado o garoto. Essa mulher vai à boca e paga a suposta dívida. Para os suspeitos, não foi o bastante e o Rafael foi morto da tarde daquele mesmo dia", afirmou Vasconcelos.

Mais morte

Em janeiro deste ano, a morte do servente de pedreiro Agnaldo Muniz Pereira, 36 anos, reforçou as características da quadrilha, descrita pela investigação como "fria e cruel". A sentença de morte da vítima teria sido dada, segundo promotor do Ministério Público à frente do caso, Henry Vasconcelos, por uma suspeita de furto de drogas.

"O traficante que o executou, cogitou que ele fosse o autor de furtos de drogas que eram depositadas em um determinado beco do Parque do Sao João, ele mesmo ( o mandante) nunca teve a certeza da participação do Agnaldo nesse furto", detalhou o promotor.

Segundo registros, o homem esperava por uma carona na Avenida das Nascentes. De lá, seguiria para o trabalho. Um adolescente teria dado suporte ao suspeito, monitorando os passos da vítima. O homem foi atingido por diversos disparos às 7h30 da manhã.

Preso em flagrante

Durante cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão em Contagem, um homem, suspeito de ser um dos gerentes do tráfico na região foi preso. 

Com ele, a Polícia Civil encontrou uma quantia de drogas ainda não repassada. O suspeito, de 27 anos, negou envolvimento com o tráfico.

"Já fui preso por assalto e paguei. Sou usuário e só. Não sou ninguém, sou trabalhador, trabalho de ajudante com meu padrasto", afirmou o homem. A sobrinha dele, de 22 anos, foi conduzida à delegacia. Com ela, a polícia afirma ter encontrado pinos de cocaína.

Mandados cumpridos em penitenciárias

Dos 38 mandados cumpridos pela Polícia Civil, 20 foram de busca e apreensão, com alvos em Contagem, na região metropolitana. 

Dos 18 restantes, 11 foram cumpridos, segundo o delegado o titular do 2º Departamento de Polícia Civil, Rodrigo Bustamante, em presídios de  Belo Horizonte, Ribeirão das Neves e São Joaquim de Bicas. Outros sete foram destinados a suspeitos com residência em Contagem, Ribeirão das Neves e na capital.

"São detentos que, de certa forma, contribuem e articulam para a prática desses homicídios e tráfico de drogas na região. A intelegiência da polícia está apurando, mas sabemos que o contato deles é feito por elementos que são capazes de ocorrer a comunicação por meio externo", apontou o delegado.

Até o momento, 13 pessoas foram presas, sendo 11 do sistema prisional e duas em Contagem. Um balanço deverá ser divulgado até o fim da tarde desta terça-feira.

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