A família do idoso de 72 anos que morreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Ressaca, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, afirmou que vai tomar providências contra o médico suspeito de negar atendimento ao paciente. Nesta quarta-feira (23), a nora de Osvaldo Xavier dos Santos, Elaine Dias, afirmou que o profissional foi omisso.
A dona de casa acompanhou as últimas horas de vida do sogro, que começou a passar mal em casa, no bairro Novo Progresso.
"Por volta das 18h30, o meu cunhado chamou o Samu. Quando eles chegaram e perceberam que o caso era grave, conduziram ele à UPA. Tinha 30 dias que o meu sogro fez uma cirurgia, era diabético, fez uma amputação. Quando ele estava no hospital, o pulmão estava todo tomado de catarro. Ele foi liberado para casa, mas passou mal de anteontem para ontem. Ele chegou a ir à UPA Santa Terezinha, foi para casa, mas passou mal outra vez", contou.
Ainda segundo ela, quando chegaram à UPA Ressaca, o médico teria dito que não atenderia porque estava com quatro pacientes. A unidade de atendimento, segundo ela, estava cheia.
"Tinha uma maca parada lá e ele não quis atender meu sogro. O pessoal do Samu, por mais de uma hora, pediu que atendesse, mas ele não quis fazer. Isso foi determinante. Quando soube que ele faleceu, eu perguntei para o médico: 'por que o senhor não atendeu meu sogro, fez o primeiro atendimento?". Ele me respondeu que o hospital estava cheio, mas ele foi feito para salvar vidas. A vida dele era tão importante como de todos os outros que estavam lá", disse a mulher.
A nora também negou que outro médico tenha atendido o idoso. "Eu não vou deixar passar. Ele é negligente, ele é omisso. Isso é praticamente um assassinato. Vou ao conselho, quero a cassação do CRM dele. Isso não é médico", finalizou.
Por meio de nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG) disse que tomou conhecimento, pela imprensa, da prisão do médico Celso e que "iniciará os procedimentos regulamentares necessários à apuração dos fatos". Disse ainda que os procedimentos correm sob sigilo.
Ouça o relato da nora do idoso, Elaine Dias, que o acompanhou até a UPA:
Outro lado
O médico presta depoimento na Delegacia de Plantão de Contagem.
À Polícia Militar, o médico contou que assumiu o plantão às 19h40 e verificou as alas da UPA, constatando que a sala de urgência não tinha mais vagas para receber pacientes. O profissional afirmou que já havia avisado ao Corpo de Bombeiros e ao Samu que a unidade de atendimento não poderia receber pacientes graves, uma vez que não tinha, segundo ele, macas disponíveis e balões de oxigênio.
Ainda conforme o médico, quando a equipe do Samu chegou com o idoso, ele informou que não seria possível a internação e continuou atendendo outros pacientes. Ele também alegou que orientou os enfermeiros que o paciente fosse levado para outra unidade hospitalar. E disse que seu colega médico chegou a atender o paciente e medicá-lo.
Atualizada às 15h01