Epidemia

Em 15 dias de fevereiro, BH já registrou mais casos de dengue que todo o janeiro

Até agora, capital mineira já registrou 9.371 casos confirmados e suspeitos da doença; ao longo dos 30 dias de janeiro foram 9.061 registros

Por José Vítor Camilo
Publicado em 16 de fevereiro de 2024 | 18:20
 
 
 
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No dia em que o secretário Estadual de Saúde afirmou que Minas Gerais enfrenta sua "pior epidemia de dengue da história", infectologistas lançaram um Boletim quinzenal que, assim como durante a pandemia da Covid-19, trará um termômetro dos casos da doença em Belo Horizonte para que a população consiga acompanhar qual a gravidade da situação. No primeiro documento, lançado nesta sexta-feira (16 de fevereiro), é possível ver que a capital mineira registrou, em 15 dias do mês, mais do que os casos de todo o mês de janeiro.

Se nos 30 dias do primeiro mês de 2024 a cidade teve um total de 9.061 casos confirmados e suspeitos, até a última quinta-feira (15) BH já tinha um total de 9.371 registros. Diretor na Associação Mineira de Epidemiologia e Controle de Infecções (Ameci), Bráulio Couto explica que o documento é feito conjuntamente pela entidade e pela Sociedade Mineira de Infectologia (SMI).

"Na época do Covid, o termômetro facilitou muito o entendimento da pandemia pela população. Então, a gente achou que seria interessante usar essa mesma ideia. Conseguimos colocar dois termômetros, sendo o primeiro comparando a taxa de ocorrência por 100 mil habitantes com os 300 casos, que é o limite recomendado pela OMS", explica.

Entre o dia 1º e 16 de fevereiro, o índice em BH está 405 segundo o boletim, portanto, o termômetro está em vermelho. Porém, segundo o profissional, o índice de 300 casos por 100 mil habitantes da OMS é questionável, uma vez que trata-se de uma doença sazonal. Por isso, os infectologistas conseguiram elaborar uma comparação histórica desde 2014 que estipulou o "limite endêmico de cada mês".

"Esse segundo termômetro, faz uma comparação histórica, usando o dado do próprio histórico da cidade. Ainda assim, mesmo sendo um dado parcial (15 dias), BH já está com mais que o dobro dos casos que eram esperados para fevereiro, com 231%", explica Couto.

Índices próximos ao de 2016, pior epidemia

Questionado pela reportagem de O TEMPO sobre a afirmação do secretário Fábio Baccheretti de que esta pode ser a pior epidemia da história, o diretor da Ameci, Bráulio Couto, pontua que a entidade prefere aguardar o fechamento do mês de fevereiro para fazer essa previsão.

Entretanto, o dado de janeiro já traz uma estimativa preocupante. "Quando comparamos o mês de janeiro de 2024, que já teve os dados encerrados, ele está muito parecido com o mês de janeiro de 2016, ano em que foram registrados na cidade mais de 160 mil casos de dengue", detalhou.

Se em 2016 o mês de janeiro teve 1.4 vezes acima do limite estipulado pela OMS, o mês passado ficou com 1.3. "Temos que esperar fechar fevereiro para termos um cenário com dados mais consistentes, mas janeiro está bem parecido com 2016, que foi um surto gigantesco. Mas só poderemos afirmar após o próximo boletim", concluiu Couto.

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