Só em janeiro

Em 2024, MG teve quase quatro vezes mais mortes por Covid em relação à dengue

Conforme a SES-MG, 22 pessoas morreram no Estado pelo coronavírus, sendo sete só em Uberlândia

Por Lucas Gomes
Publicado em 05 de fevereiro de 2024 | 08:09
 
 
 
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Com seis mortes confirmadas oficialmente pela dengue, Minas Gerais afirmou, no último sábado (3 de fevereiro), que o Estado passa por uma epidemia da doença em 2024. No entanto, a Covid-19 matou quase quatro vezes mais que a dengue neste começo de ano em Minas. 

Dados oficiais divulgados pelo governo estadual, atualizados pela última vez em 31 de janeiro, mostram que 22 pessoas morreram em Minas Gerais neste ano em decorrência da Covid-19. Sete dessas vítimas eram de Uberlândia, quase 1/3 do total. 

Os casos confirmados de Covid-19 são 4.534 em 2024 no Estado. A terceira semana do mês de janeiro foi a de mais registros de diagnósticos positivos. Em média, uma a cada 206 pessoas confirmadas para a enfermidade evoluiu para óbito. Em comparação com os dados da dengue, esse índice é de uma a cada 6.037. 

Além das sete mortes em Uberlândia, o Estado registrou outras quatro vítimas em Uberaba, três em Belo Horizonte e também uma morte em cada um dos seguintes municípios: Barbacena, Diamantina, Ituiutaba, Januária, Juiz de Fora, Leopoldina, Montes Claros e São João del Rei. Já em números de casos confirmados, a capital mineira lidera o ranking, com 1.387 diagnósticos. Em segundo lugar fica Ituiutaba, com 383. 

Conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a cobertura vacinal para a Covid-19 está em 83%. Ao todo, foram aplicadas mais de 61 milhões de doses dos imunizantes para a doença.

A faixa etária com maior cobertura vacinal primária em Minas Gerais é de 60 a 69 anos, com 97,8%. Por outro lado, os grupos com o menores índices de imunização são crianças e adolescentes. Bebês de 6 meses a 2 anos têm 1,63% de cobertura do esquema vacinal primário, crianças de 3 a 4 anos têm o índice de 17,79%, enquanto o grupo de 5 a 11 anos está com 62,62% do esquema primário.

A infectologista Luana Araújo explica que uma epidemia, como a de dengue atualmente, não é declarada, mas sim percebida, quando há um grande aumento de casos para determinada região geográfica e em determinado de período. "Considerado que eu acho no final da semana eram 23 mil casos confirmados de dengue e quase 65 mil em investigação, isso já chegava a níveis maiores do que o esperado para este período no Estado. Isso é entrar em epidemia", explica.

Entretanto, o sistema de saúde pode ser sobrecarregado com os casos de dengue e Covid. "Em um sistema de saúde como o nosso, que prevê a oferta de ferramentas de promoção de saúde, prevenção de doença, tratamento de doença para absolutamente tudo, muitas vezes esses sistemas não estão preparados e nem têm a resiliência necessária para lidar com múltiplas ameaças ao mesmo tempo, principalmente quando as pessoas que respondem por essa gestão não estão preparadas para fazer isso. No nosso caso, a gente tem a Covid que continua sendo problema, a gente fala, a pandemia da Covid não acabou, ela simplesmente mudou de patamar, felizmente. Lembrando que chegamos em tempos críticos a 4.000 óbitos ao dia, hoje felizmente não temos isso por conta da vacinação, mas a gente ainda tem que tomar diversas medidas para evitar essas mortes que são, na sua maior parte, evitáveis. Infelizmente a gente observa que a gestão estadual não tem nem feito a sua parte para evitar as mortes evitáveis pela Covid, quiçá lidar com a Covid e dengue ao mesmo tempo, é um problema muito grave que a gente enfrenta e tem repercussões para além dessas duas doenças, tem repercussão pelo sequestro do sistema público, deixando as pessoas com outros problemas com grandes barreiras de acesso ao sistema, é bastante complicado", disparou.

O infectologista Carlos Starling citou que o momento é de sindemias. "A característica epidemiológica da dengue é completamente diferente da Covid. Um problema de saúde é uma coisa, e outro é outra. Covid analisamos conforme o que vivemos nos últimos quatro anos. Covid tem uma curva epidêmica diferente da curva da dengue. Na dengue vemos uma explosão de casos agora, provavelmente ligada a circulação de um novo sorotipo e volume de pessoas expostas. Não analisamos só pelo número de mortes. Isso não quer dizer que Covid não seja importante. Hoje estamos vivendo uma sindemia, uma associação de epidemias. Ambos são problemas de saúde pública extremamente importantes e que pressionam o sistema de saúde pública", analisou.

 

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