Ato contra o reajuste

Em comentário no Facebook, PM diz que balas 'poderiam ser de verdade'

O perfil que traz a informação de que é soldado da Polícia Militar mineira apagou o comentário pouco tempo depois

Por DA REDAÇÃO
Publicado em 13 de agosto de 2015 | 16:54
 
 
 
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Na manhã seguinte ao protesto contra o aumento no preço das passagens de Belo Horizonte que terminou com inúmeras pessoas feridas — entre elas o fotógrafo Denilton Dias do jornal O TEMPO —, na noite desta quarta-feira (12), um homem que seria soldado da Polícia Militar (PM) mineira fez um comentário polêmico no Facebook em uma postagem sobre a truculência da ação da polícia. O homem disse ter "pena" por terem atirado com balas de borracha, uma vez que "poderia ter sido com balas de verdade".

A reportagem recebeu uma foto que mostra a frase do militar de um leitor que ficou indignado com o fato dele dar a entender que a corporação deveria ter matado os manifestantes. Pouco tempo depois de registrar o comentário, segundo o leitor, o autor o apagou das redes sociais. O comentário surgiu em uma postagem que trazia um vídeo do momento em que balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio eram usadas contra os manifestantes na rua da Bahia.

FOTO: REPRODUÇÃO / FACEBOOK
soldado pm
Homem que afirma ser soldado da PMMG fez comentário em post do Facebook

A publicação trazia ainda uma comparação entre o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB) e Fernando Pimentel (PT), por conta da repressão violenta aos protestos dos professores daquele Estado. "Reacionarismo não tem partido! Ditadura não tem sigla e nem cor! Babaquice não tem princípio. Um brinde ao poder por poder", dizia. 

Nos comentários, o autor da postagem e outras pessoas debatiam sobre o ocorrido quando surgiu o comentário do suposto policial. "Pena que atiraram com balas de borracha!!! Poderia ter sido com balas de verdade...". 

A reportagem de O TEMPO procurou a assessoria de imprensa da PM e a questionou se a postura do militar poderia ser considerada apologia ao crime e se o caso seria acompanhado pela corporação. Como resposta, a polícia afirmou apenas que não irá se manifestar sobre o comentário do policial por se tratar de um perfil pessoal. Não há informações sobre em qual batalhão ele estaria lotado. 

Os 62 detidos, entre eles dois menores, foram todos liberados até a madrugada desta quinta-feira. Eles foram detidos durante a manifestação contra o aumento das passagens de ônibus (de R$ 3,10 para R$ 3,40), quando os militares fizeram o uso de bombas de efeito moral e balas de borracha que feriram vários participantes, entre eles um repórter fotográfico do jornal O TEMPO, atingido na perna. Ainda não há um balanço exato do número de feridos durante o protesto. 

Os manifestantes foram algemados e detidos depois que entraram em um hotel da rua da Bahia para se proteger dos disparos. A Polícia Militar disse que os manifestantes desrespeitaram o direito de ir e vir dos demais, ocupando mais de uma faixa da avenida Afonso Pena. E que, por isso, houve a intervenção, conforme fala do tenente-coronel Gianfranco Caiafa, à frente da operação. 

Entenda o que aconteceu

O TEMPO
Infográfico
Entenda como aconteceu durante o protesto contra o aumento das tarifas

 

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