Região Central

Em seis dias, Divinópolis registra 16 terremotos

Nos últimos dias, também houve registro de terremoto em outras cidades da região Centro-Oeste, como Carmo do Cajuru, São Gonçalo do Pará e Pompéu

Por Laura Maria e Vitor Fórneas
Publicado em 18 de janeiro de 2022 | 12:06
 
 
 
normal

Em um intervalo de seis dias, Divinópolis, na região Centro-Oeste de Belo Horizonte, registrou 16 terremotos. Entre os dias 10 e 16 deste mês, houve abalo sísmico de magnitude de até 3. As informações são do Centro de Sismologia da USP.

De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, não houve acionamento da corporação nos últimos três dias. Nas redes sociais,  moradores da cidade informaram que houve barulho e incômodo devido ao abalo. 

Cerca de 72 horas após o abalo, houve novo registro de terremoto na cidade.

Nos últimos dias, também houve registro de terremoto em outras cidades da região Centro-Oeste, como Carmo do Cajuru, São Gonçalo do Pará e Pompéu.  

Eventos podem ser provocados pelas chuvas

Professor do Instituto de Geociências (IGC) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Allaoua Saadi afirmou que os tremores podem ter relação com as fortes chuvas dos últimos dias. O especialista afirma que, em Divinópolis, há uma barragem, que se encheu muito nos últimos dias.

“Com isso, a água impõe uma pressão no fundo da represa, que pode ter servido como fator suplementar para a liberação de energia e consequente abalo sísmico. A região já tem uma pré-disposição para os tremores, e a pressão da água contribui para que eles se intensifiquem”, diz o professor.

Segundo ele, os abalos sísmicos na região são eventos normais, e a quantidade de tremores está dentro do esperado. “Há duas possibilidades nesse caso: ou existem pequenos tremores que acontecem antes, durante e depois do terremoro principal ou um mesmo tremor foi sentido em diferentes regiões”, pontua ao explicar o motivo de os abalos terem sido registrados em mais de uma cidade.

De acordo com o especialista, com essa magnitude, tais tremores podem provocar algumas rachaduras ou quedas de objetos nas casas. Entretanto, não houve acionamento por parte da Defesa Civil para a região.

O que dizem os moradores

  • Julio Cesar Paiva - 26 anos - autônomo

A sensação mental/psicológica é de susto e incertezas. Tendo em vista que a cidade possui pedreiras em atividade há mais de 30 anos e com fortes explosões às vezes mais de uma vez na semana durante esses anos. A sensação física causada pelos tremores é de tontura quase que instantaneamente após os tremores. No meu bairro (Icaraí) que fica próximo ao epicentro informado pelo instituto que acompanha eventos sísmicos da USP as janelas tem tremido e os barulhos assustado os moradores.

A população está assustada e isso tem tirado o sono dos moradores, já que alguns tremores ocorrem em períodos da madrugada. Eu mesmo já acordei assustado, pois a janela treme muito. Uma casa no bairro ao lado foi interditada pelas rachaduras

  • Henrique Costa - 23 - universitário

A primeira vez que teve tremor nós pensamos que se tratava de estouro na pedreira que tem aqui na cidade. Só que acabou tornando frequente. Até agora graças a Deus não trincou parede e nada mais. As janelas é que ficam tremendo na hora. A sensação que dá é que tem um caminhão parado na porta de casa. Tudo acontece muito rápido, no máximo cinco segundos. Não dá tempo nem de registrar 

A população aqui está preocupada, pois nunca tínhamos visto isso na cidade, pelo menos não que eu me lembre. Meu medo é de estar acontecendo uma erosão e algum bairro ceder. Pode até ser bobeira da minha parte pensar nisso.

Minas Gerais está uma tragédia atrás da outra. É enchente, meteoro, paredão caindo em Capitólio.

Atualizada às 19h20

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!