NO BAIRRO CAMARGOS

Empregados denunciam trabalho escravo em obra da construtora Tenda

A empresa negou e disse que desconhece qualquer ocorrência do tipo em suas obras, mas informou que irá investigar

Por JULIANA BAETA
Publicado em 24 de março de 2015 | 17:29
 
 
 
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Após receber uma denúncia de um trabalhador que estaria em condições análogas a de escravidão em uma obra da construtora Tenda, no bairro Camargos, região Noroeste de Belo Horizonte, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção de BH (Marreta) esteve no local e flagrou 12 trabalhadores em condições precárias de trabalho no local.

“Esse trabalhador nos procurou dizendo que tem dois meses que ele foi mandado embora, sem receber, e que a empresa não resolvia a situação dele e ainda ameaçou cortar a sua alimentação. Fomos no alojamento e vimos várias goteiras lá, hoje vou no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) pra conversar pessoalmente sobre isso. Já procurei a Tenda e eles falaram que segunda-feira (30) irão regularizar a situação dos trabalhadores”, explica o diretor do Marreta, Gilson Valdez.

Chamado de “alojamento-senzala” pelos trabalhadores, o local ainda estaria sem luz e sem água potável, e com alimentação precária. São 12 os trabalhadores que vieram da cidade de Serra, no Espírito Santo, da Bahia, de São Paulo e do Piauí, além de um que veio do interior do Estado. Eles trabalham como pedreiros e serventes, mas a contratação dos funcionários, estaria irregular.

O pagamento prometido a eles seria de R$ 3 mil, mas os trabalhadores já estariam sem receber há cerca de três meses, ganhando apenas um vale de R$ 500,00 por mês, desde janeiro. O último pagamento foi em dezembro, sendo que o 13º salário também não foi pago.

Além disso, eles não recebem nenhum direito como trabalhadores, como cestas básicas. Alguns empregados já trabalham no local há um ano e dois meses e o mais recente deles, está lá há seis meses, sem contar com um trabalhador da Bahia que chegou há dois meses e até hoje não recebeu nada.

O sindicato lembra que a Tenda já foi incluída na lista suja do MTE de empresas flagradas explorando mão de obra análoga à escrava no país. Foram dois empreendimentos envolvidos, sendo um projeto residencial em Juiz de Fora e outro canteiro de obras na capital.

O MTE informou que não foi notificado oficialmente sobre a denúncia. Já a construtora Tenda disse desconhecer qualquer irregularidade trabalhista em suas obras e informou que “irá investigar qualquer denúncia de ocorrência nesse sentido”. “A companhia esclarece que repudia qualquer prática desrespeitosa aos direitos trabalhistas e reafirma seu compromisso com o respeito à legislação vigente”, finalizou, por meio de nota.  

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