“A semana passada foi a mais difícil desde o início da pandemia sem dúvida nenhuma ”, diz o diretor de Assistência à Saúde da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, Guilherme Gonçalves Riccio. A unidade atingiu 100% da ocupação dos leitos de CTI e tem 96,8% dos leitos de enfermaria ocupados neste sábado (4). “Eu espero que isso seja o pico porque estamos muito pressionados”, completou.

Ainda segundo Riccio, houve um aumento considerável da transferência de pacientes com coronavírus para a unidade de saúde nos últimos dias e, a maioria deles, em estado “gravíssimo”. “Esses doentes que chegam para tratamento intensivo são doentes muito graves, muito graves mesmo, e isso faz com que você tenha pouca rotatividade porque esses doentes têm ficado às vezes duas ou três semanas no respirador”.

De acordo com o diretor, a equipe médica está muito pressionada. “Realmente estamos atravessando um momento de muita pressão e tenho visto isso pelas equipes médicas. Está muito difícil”, afirmou. Ele disse que isso tem provocado uma evasão de profissionais, mas nada que ainda prejudique o atendimento. Também há casos de profissionais infectados que precisaram ser afastados. Ao todo, a Santa Casa tem 5.300 funcionários.

Questionado se o hospital pode interromper o recebimento de novos pacientes, Riccio disse que fará o possível para que isso não seja necessário. “Eu vou até o final. A Santa Casa não tem o direito de recusar ou fechar portas porque a Santa Casa é um hospital da comunidade. Ela foi construída pelo povo de Belo Horizonte e nossa obrigação é levar isso até o final e é isso que estamos fazendo”.

Ele disse ainda que a Santa Casa deve abrir nos próximos dias mais 20 leitos de tratamento intensivo para atender ao aumento crescente da demanda. Desde o início da pandemia já foram mais 70 leitos de CTI criados e mais de 100 leitos de enfermaria para pacientes com Covid-19.

Segundo dados da instituição, em março, a unidade tinha dez leitos de CTI e 17 de enfermaria. Já neste sábado, o número total de leitos era de 80 de CTI, 158 de enfermaria adulto e 25 de enfermaria pediátrica. Isso representa um aumento de sete vezes no número de leitos de tratamento intensivo e nove vezes na capacidade para atendimento de casos de menor gravidade.

Neste sábado, Minas Gerais bateu recorde de óbitos por Covid-19, totalizando 73 confirmações em 24 horas. Ao todo já são 1.183 mortes no Estado desde o início da pandemia e 55.958 casos confirmados da doença.

Apesar da lotação de leitos, o Hospital de Campanha montado pelo governo de Minas no Expominas, em Belo Horizonte, ainda não está funcionando. Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde informou a unidade “tem condições de funcionar, assim que houver necessidade de receber pacientes para o tratamento da Covid-19”. 

Ainda segundo o órgão, “a abertura do hospital poderá ocorrer, independentemente do processo de seleção da Organização Social, operando com 30% de sua capacidade, utilizando todos os recursos próprios do Governo do Estado. O processo de seleção da Organização Social segue em andamento, com previsão de conclusão em 16 de julho. A partir disso, o Hospital de Campanha já poderá operar com 100%”.