Julgamento do caso aglomerado da Serra

Ex-policiais serão ouvidos nesta quinta-feira

Defesa dos militares tentou provar que as vítimas tinham envolvimento com o tráfico de drogas; das dez testemunhas arroladas, cinco foram dispensadas

Por Natália Oliveira / Suellen Amorim
Publicado em 19 de março de 2014 | 19:45
 
 
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O segundo dia de julgamento do ex-policiais acusados de matarem tio e sobrinho no aglomerado da Serra em fevereiro de 2011 terminou por volta das 17h30 desta quarta-feira (19) e será retomado nesta quinta-feira (20) com depoimento dos réus Jonas David Rosa, de 27 anos, e Jason Ferreira Paschoalino, de 28. A expectativa é que a sentença seja dada ainda nesta quinta feira.

Nesta quarta-feira (19), dez testemunhas seriam ouvidas pela defesa dos policias, mas cinco foram dispensadas. Foram ouvidos quatro policiais e um morador do aglomerado da Serra. A defesa dos policiais tentou provar que as vítimas Renílson Veriano da Silva, de 39 anos, e Jeferson Coelho da Silva, de 17, tinham envolvimento com drogas. 

O ex-comandante da Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (Rotam) Romualdo Rodrigo da Silva, que atuava na Rotam na época do crime, disse que não conhecia  as vítimas antes das mortes, mas que fez um levantamento com os moradores do aglomerado e descobriu que eles tinham envolvimento com o tráfico de drogas.

Os outros policiais ouvidos também disseram que as vítimas tinham envolvimento com o tráfico. O tenente da PM Lusergio Basílio Estanislau, em depoimento, disse que, ao indagar populares no aglomerado, eles alegavam que Renílson comprava drogas para vender nos hospitais e que Jeferson era olheiro na favela.

Relembre o 1° dia de julgamento

No primeiro dia de julgamento, nesta terça-feira (18), foram ouvidos o policial militar Denilson Veriano da Silva, pai de Jeferson e irmão de Renílson, e mais três testemunhas de acusação arroladas pelo Ministério Público de Minas (MPMG). Todos negaram que as vítimas tinham envolvimento com o tráfico de drogas da região.

Por outro lado, os advogados de defesa, entre eles o advogado Ércio Quaresma, levaram para o plenário uma série de fotos em que tio e sobrinho aparecem ao lado de suspeitos de tráfico de drogas.

Quaresma ainda levou armas, dentre elas um fuzil, para o plenário. Ele questionou duas das testemunhas – aquelas que viram o local logo após o crime – qual seria a distância que possibilitaria o reconhecimento das armas. A defesa ainda afirmou que umas das moradoras do aglomerado que depôs tem um filho com o suposto traficante Tigrão e que outra testemunha tem familiares envolvidos com drogas.

Relembre o caso

Na madrugada de 19 de fevereiro, uma incursão policial contra o tráfico de drogas na Vila Marçola, no aglomerado da Serra, terminou com dois mortos, que eram filho e irmão de um policial militar.
Houve um tiroteio entre policiais e suspeitos, deixando um policial ferido e dois suspeitos baleados, que foram socorridos, mas morreram antes mesmo de serem atendidos.

Na época, houve protestos no aglomerado contra a violência policial e os familiares das vítimas sempre alegaram que eles jamais tiveram envolvimento com o mundo do crime.

O réu Jason Ferreira Paschoalino já havia sido condenado a 12 anos de prisão  por outro homicídio cometido em julho de 2010, no bairro Nova Suíça. 

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