Desastre em Brumadinho

Familiares decidem procurar desaparecida por conta própria em mata

Parentes de Nathália de Oliveira Porto Araújo saíram na tarde desta segunda (28) em busca da mulher após conseguirem uma suposta localização emitida pelo aparelho celular dela

Por Michelyne Kubitschek
Publicado em 28 de janeiro de 2019 | 21:55
 
 
 
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Contrariando recomendações de segurança do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil, familiares da estagiária administrativa Nathália de Oliveira Porto Araújo, de 25 anos, desaparecida desde a última sexta-feira (25) após o rompimento da barragem I da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, região metropolitana da capital, partiram, por conta própria, nesta tarde, em busca da jovem em uma região conhecida como Cachoeira dos Olhos D'Água, próximo a Casa Branca, a aproximadamente 15 km do centro do desastre.

Veja vídeo do momento em que a família soube da possibilidade de Nathália estar viva

A decisão da família foi tomada após o marido da estagiária, Jorge Santana Araújo, de 28 anos, conseguir uma suposta localização emitida pelo aparelho celular da jovem horas após o rompimento da barragem. "O barro desceu no sentido contrário de onde a localização do celular dela está. A última vez que ele (o celular) deu sinal foi sexta. Não lembro a hora certinho, mas foi depois que falei com ela. Ela está viva, eu sei", afirmou.

A suposta localização da funcionária da Vale causou confusão entre os familiares da jovem que, ao receberem a notícia, durante o início da tarde desta segunda-feira, no Espaço do Conhecimento da mineradora Vale, acreditaram que a jovem havia sido encontrada. Uma cunhada da mulher chegou a se ajoelhar e fazer orações fervorosas em agradecimento. Instantes depois, o marido da desaparecida informou que o que foi conseguido seria o local em que o celular emitiu dados de GPS pela última vez.

Uma fonte da Defesa Civil informou extraoficialmente que os familiares procuraram o órgão com informações da jovem e apresentaram um print da suposta localização. "Enviamos os dados da moça e esse print para o centro de comando, que está na faculdade Asa. De lá, conforme programação das buscas das equipes, é somado o caso e, a partir disso, traçadas estratégias. Até porque, o lugar que ela estaria é em um raio de 10 a 28 km do centro do rompimento, acessível somente de helicóptero", afirmou a fonte.

Ainda de acordo com informações da Defesa Civil, nenhum parente de vítimas do rompimentos da barragem deve realizar buscas por conta própria em função da própria segurança.

O Corpo de Bombeiros informou, por meio da assessoria, que não recebeu nenhuma notificação sobre o caso.

Familiares em contradição

No começo da tarde desta segunda-feira, Luciano Oliveira Porto, de 48 anos, pai de Nathália de Oliveira Porto Araújo,  informou à reportagem que o marido da jovem, Jorge Oliveira, havia deixado o Espaço do Conhecimento em companhia de um bombeiro militar. Posterioremente, mudou a versão, alegando que o homem tinha deixado o local em em companhia de um bombeiro civil. Mais tarde, ao ser novamente questionado, informou que acreditava que apenas o marido e sobrinho da vítima teriam partido para o local em que o celular teria emitido sinal de localização.

Os familiares permaneceram no Espaço do Conhecimento até as 20h40 desta segunda-feira. Os telefones de contato dos parentes que tentariam o resgate da jovem estavam fora de área ou desligados até o fechamento desta matéria.

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