Segurança

Formação mais humana ainda é desafio para as PMs do país 

Nova lei que restringe uso de arma de fogo em algumas abordagens trouxe assunto à tona

Por Bárbara Ferreira
Publicado em 29 de dezembro de 2014 | 04:00
 
 
 
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Um policiamento eficiente pressupõe uma corporação bem treinada e aperfeiçoada. Mas alguns protestos recentes contra a truculência militar e a sanção da Lei 13.060/2014, que restringe o uso de armas de fogo por agentes de segurança em todo o país, despertaram para a necessidade de discutir novos modelos de atuação das corporações. Casos como o do pedreiro Amarildo, torturado e morto no ano passado por militares na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, aumentaram o clamor por uma polícia mais humanizada.

O especialista em segurança pública Robson Sávio Reis Souza acredita que é preciso mudar o conceito de policiamento no Brasil para que os militares se dediquem mais às pessoas. “Os policiais precisam se preocupar menos com as armas e as fardas e mais com as pessoas, em representarem um policiamento preventivo, e não puramente repressivo”.

Mas essa mudança de conceito precisa chegar à formação dos agentes de segurança. A reportagem de O TEMPO esteve no Centro de Treinamento Policial (CTP) da Polícia Militar (PM) de Minas Gerais, no bairro Prado, na região Oeste da capital, e constatou que o treinamento engloba vários cursos práticos, inclusive o de manuseio de armas não letais, como os teasers (eletrochoque), mas aulas de sociologia, direito e direitos humanos, apesar de fazerem parte da grade oferecida pelo centro, não são obrigatórias.

São nove salas de aula e um centro para preparação física. Os militares se revezam ao longo do ano, e sempre há alguma turma em formação no local. O CTP atende toda a região metropolitana de Belo Horizonte. Já no interior, o treinamento é feito direto no batalhão, mas com as mesmas técnicas utilizadas no CTP.

O presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra–MG), Marco Antônio Bahia, afirma que nos últimos dez anos houve um avanço considerável na formação dos policiais do Estado. “Antes, tínhamos uma doutrina mais voltada para um treinamento parecido com o do Exército. Com a mudança interna, até mesmo porque hoje somos uma polícia que trabalha mais para o cidadão e não para a guerra, vejo essa melhoria. Atualmente, ele (o treinamento) tem o viés da comissão de direitos humanos”.

Além da formação ao entrar na corporação, todo policial, independente da patente, tem que passar por atualização a cada dois anos. Trata-se de um treinamento ministrado por militares especializados em várias esferas, como, por exemplo, primeiros-socorros, tiros e defesa pessoal. O subchefe do CTP, major Rommel Trevgnozoli, afirmou que, além da prática, existe um guia de procedimentos que deve ser seguido, com aulas teóricas sobre a abordagens e técnicas para evitar confrontos. (Com Rodrigo Freitas)

Avaliação

Teste. Além da obrigatoriedade de passar pela atualização bienal, os PMs mineiros têm que fazer uma avaliação. Se reprovados, têm dois meses para novo teste. Se não forem aprovados de novo, podem ir para o trabalho interno até conseguirem resultado positivo.

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