CIDADES

Freio para os motoboys

BHTrans prepara a regulamentação da atividade de motofrete tendo como um dos objetivos a redução dos altos índices de acidentes.

Por IGOR VEIGA
Publicado em 05 de novembro de 2005 | 22:34
 
 
 
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Não se sabe quantos são. A estimativa é de 25 mil, mas pode ser muito mais. O certo é que, seja nos bairros ou no centro de Belo Horizonte, de dia ou à noite, é possível ver um motoboy arriscando a vida sobre duas rodas. A frota de motos na capital tem crescido em média 11,75% ao ano.

Hoje, existem mais de 75 mil na cidade. Para 2008, a projeção é que dos 991 mil veículos na capital, 115 mil sejam motos. Entre os motoboys, de tudo vale para entregar a encomenda no prazo: desrespeitar semáforos, limites de velocidade ou qualquer tipo de sinalização.

O resultado das imprudências está refletido numa preocupante estatística: para cada dez acidentes em Belo Horizonte, três envolvem motociclistas. Há dez anos, eles representavam 10,3% das vítimas dos acidentes, ocupando a última posição numa escala que envolve ainda ciclistas, pedestres, motoristas e passageiros.

Hoje, os motociclistas representam 36% " a maior parte das vítimas. De janeiro a maio deste ano, o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS) registrou 2.243 atendimentos a pessoas feridas em acidentes com motos.

O crescimento no número de motociclistas vítimas de acidentes despertou a atenção da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), que pretende frear e reduzir esses números na capital, com a regulamentação da atividade de motofrete, a partir de 2006.

De acordo com o gerente de projetos e educação no trânsito da BHtrans, Eduardo Lucas, o plano está em fase de elaboração e deverá ser concluído até o final deste ano. Segundo ele, a regulamentação da atividade dos motoboys será o ponto de partida do chamado Programa de Segurança para Motociclistas Profissionais.

"Há vários tipos de motociclistas. O que só usa a moto para lazer ou que só adota o veículo para ir e voltar do trabalho, mas não temos dúvidas de que os motoboys são os principais envolvidos em acidentes", declarou.

Licenciamento
Segundo Eduardo Lucas, a principal proposta prevista no projeto da BHtrans é realizar um cadastro de todos os motoboys, que receberão uma licença especial para desempenhar a profissão, assim como ocorre hoje com os taxistas e motoristas de ônibus escolares da capital.

De acordo com ele, para obter a licença, os motociclistas profissionais terão que passar por um curso básico de motopilotagem defensiva, que será oferecido de forma gratuita à categoria.

Eduardo Lucas explica que o valor da taxa a ser cobrada para obtenção do documento ainda está sendo discutido pelo órgão juntamente com os representantes legais da categoria.

"Nosso objetivo não é arrecadar dinheiro. Já passou da hora de termos um controle efetivo da atividade de motofrete em Belo Horizonte. Só a partir disso poderemos pensar em diminuir os acidentes", disse.

Ainda de acordo com o gerente da BHTrans, o licenciamento para a atividade de motofrete será apenas uma das mudanças a serem instituídas a partir da aprovação do projeto.

Os motoboys, por exemplo, deverão comprovar um tempo mínimo de habilitação para executar o serviço de motofrete. Além disso, os baús das motos deverão ser de cor branca e conter a placa do veículo e o número da licença.

"As placas das motos licenciadas poderão mudar de cinza para vermelha (carro de aluguel) e também devemos exigir que os motociclistas profissionais tenham seguro de vida e utilizem equipamentos básicos como capacetes e roupas apropriadas para a profissão", explicou.

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