Campanha salarial

Funcionários da Cemig entram em greve a partir desta quarta

De acordo com o Sindeletro, categoria reivindica aumento real por produtividade e a convocação de eletricistas aprovados em concurso para compor o quadro de funcionários, entre outros pontos; paralisação é por tempo indeterminado

Por Bruna Carmona
Publicado em 24 de novembro de 2015 | 19:59
 
 
 
normal

Funcionários da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) vão entrar em greve a partir desta quarta-feira (25). A categoria não aceitou a proposta da empresa de renovação do Acordo Coletivo de Trabalho e decidiu cruzar os braços por tempo indeterminado. Na pauta dos trabalhadores estão pontos como aumento real do salário, primarização, saúde dos trabalhadores e justiça na distribuição de renda dentro da empresa, além de um plano de cargos e remunerações e garantia de emprego.

De acordo com o diretor do Sindicato dos Eletricitários de Minas (Sindeletro) Jefferson Silva, a pauta principal da categoria é a primarização, isto é, a convocação de aprovados em concurso para o quadro da empresa, de modo a substituir os trabalhadores terceirizados. Segundo Silva, isso garantiria a qualidade nos serviços de manutenção. “O trabalhador terceirizado não tem toda a capacitação do trabalhador do quadro da empresa”, afirmou, explicando que os funcionários da Cemig passam por um treinamento mais longo e por um tempo de estágio. Ainda de acordo com Silva, a falta de capacitação coloca em risco os trabalhadores. “É um dos fatores que tem causado morte de trabalhadores. Em 2015, cinco pessoas morreram em trabalho, todos terceirizados”, afirmou.

Ainda segundo Silva, também está na pauta a discussão sobre a disparidade dos salários dentro da Cemig. “A diferença entre os maiores e menores salários da empresa variou de 18 vezes, em 2010, para 32 vezes, em 2015. A gente tem que fazer essa justiça (na distribuição de renda) através da renda variável, que são os lucros da empresa”, afirmou. O diretor lembrou que um dos pontos da proposta da Cemig prevê a redução no percentual na participação dos lucros da empresa. A reivindicação salarial dos eletricitários é o reajuste no valor do INPC (10,33%), mais o aumento por produtividade, menos do que a Cemig ofereceu.

Protesto

Na manhã desta quarta-feira, os grevistas participarão de um ato na sede da Cemig para cobrar da diretoria da empresa a reabertura das negociações. “Estaremos também nas unidades operacionais convocando os trabalhadores para a sede da empresa”, afirmou Silva.

De acordo com o diretor, devido ao saturamento da negociação e a ausência de propostas concretas, a expectativa é que a adesão dos trabalhadores à paralisação deve ser grande. “Essa greve vai ser maior que a greve de 2013, que foi a maior de todas e durou 22 dias”, disse Silva.

Sem energia

Por causa da chuva forte, vários bairros de Belo Horizonte e região metropolitana ficaram sem energia elétrica nesta terça-feira (24). De acordo com a Cemig, a energia já foi religada para grande parte dos consumidores, mas ainda há clientes sem energia no bairro Padre Eustáquio, na região Noroeste de Belo Horizonte, na região do Barreiro e no bairro Eldorado, em Contagem. Nesses locais, o abastecimento só deve ser restabelecido nesta quarta, por causa da alta demanda de ocorrências, segundo a Cemig. 

De acordo com o diretor do Sindeletro, a greve dos trabalhadores não deve afetar significativamente os serviços de manutenção, que são executados, em sua maior parte, por terceirizados. 

Negociação

Em nota, a Cemig informou que tem negociado "de forma franca e permanente com todos os sindicatos que representam os empregados da empresa". Segundo a empresa, de março a novembro deste ano já se realizaram dezenas de reuniões, abordando diferentes temas, tais como Saúde e Segurança no Trabalho, remuneração e benefícios, plano de previdência, participação em lucros e resultados.

"Quanto ao item econômico da pauta, a Cemig propôs reajuste de 10,30%, assegurando assim o poder de compra dos salários e a manutenção dos empregos na empresa", diz o comunicado.

A Cemig afirmou que possui um valor de remuneração comparável às melhores empresas do setor elétrico nacional e um conjunto expressivo de benefícios, como saúde, seguro, aposentadoria, pensão, ticket alimentação ou refeição.

"Além da recomposição dos salários, a Cemig propôs o pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) que, embora, inferior aos valores nos anos anteriores, ainda assim é superior à praticada pelo mercado. Nas reuniões a Cemig e os sindicatos, a empresa tem mostrado aos representantes dos trabalhadores o grande esforço que vem sendo feito para assegurar a sustentabilidade e o futuro da empresa", diz a nota.

Ainda segundo o comunicado, a Cemig garante que a mesa permanente de negociação e o espaço democrático de decisões negociadas com os sindicatos será mantido.
 

Atualizada às 20h02.

 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!