Risco

Gelo baiano usado em ciclovias é reprovado por causar acidentes

Federação Mineira de Ciclismo é contra os blocos que separam vias

Por Joana Suarez
Publicado em 22 de fevereiro de 2014 | 03:00
 
 
 
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Ao menos 20 acidentes ocorreram desde dezembro de 2013 na ciclovia da orla da lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, após a instalação de blocos de concretos – prismas conhecidos como gelos baianos –, para separar as vias. A informação é da Federação Mineira de Ciclismo (FMC), que é contra os separadores, usados em cinco ciclofaixas espalhadas pela capital, por considerá-los um risco aos ciclistas.

“Já fizemos várias solicitações para retirarem o gelo baiano das ciclovias e nunca entendemos por que eles foram colocados. Os acidentes têm ocorrido com turistas e famílias que utilizam o local”, explicou o presidente da FMC, Paulo Aquino. Segundo ele, ciclistas de alto rendimento não usam ciclovias com o bloco porque pedalam a 40 km/h, e a estrutura potencializa o risco de acidentes.

Em janeiro último, O TEMPO publicou reportagem sobre os problemas apontados pelos ciclistas na ciclovia da lagoa da Pampulha, entre eles o equipamento. “Além de causar acidentes, o gelo baiano impede a gente de ultrapassar os ciclistas mais lentos. Atletas pedalam na lagoa desde a década de 1940 e nunca houve problema, mesmo sem ter uma placa lá. Agora a ciclovia tem tantos erros que virou uma zona de conflito”, contou o ultraciclista Rogério Pacheco. Segundo ele, um grupo de ciclistas foi ontem ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) solicitar que a via seja alterada.

A Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) informou que o uso dos prismas é um dispositivo de canalização recomendado pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) para evitar que veículos transponham determinado local ou faixa de tráfego. Segundo a autarquia, os blocos teriam sido instalados dentro dos padrões definidos pelo CTB.

Paliativo. A organização de ciclistas Transporte Ativo (TA), com sede na capital do Rio de Janeiro – uma das capitais que também utiliza o gelo baiano, sob a mesma justificativa da BHTrans – considera a colocação do prisma um paliativo e também reprova a medida.

“Porque temos um trânsito com motoristas mal-educados é preciso colocar os blocos, que também provocam risco aos ciclistas. Essa não é a alternativa ideal. Vamos lutar para que, pelo menos, o gelo baiano seja retirado quando o motorista se acostumar com a ciclofaixa”, disse José Lobo, presidente da TA.

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