Covid-19

Governo entrega a segunda fase de obras do hospital de campanha no Expominas

Parte do plano de enfrentamento do coronavírus, unidade terá 768 leitos e vai começar a receber pacientes no fim deste mês

Por Rafaela Mansur
Publicado em 15 de abril de 2020 | 11:19
 
 
 
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A segunda fase das obras do hospital de campanha que está sendo montado no Expominas, na região Oeste de Belo Horizonte, foi entregue nesta quarta-feira (15) pelo governo de Minas Gerais. O hospital terá 768 leitos e deve começar a receber pacientes no final deste mês.

Os leitos foram divididos em três blocos. O primeiro a ser entregue foi o Bloco Amarelo, que conta com 260 leitos de enfermaria e 28 de estabilização. Os outros dois blocos serão ativados conforme a necessidade. O Azul terá 220 leitos, e o Verde, 260, todos de enfermaria.

Nesta segunda etapa, além da entrega do primeiro bloco, foram realizadas a instalação de mobiliário e enxoval hospitalar e a adequação elétrica, a rede de esgoto hospitalar foi implantada, e a instalação de gasometria (oxigênio e ar comprimido) foi iniciada.

No total, serão 740 leitos de enfermaria, destinados a pacientes que estiverem em um quadro mais estável, e 28 de estabilização, em que será feito o primeiro atendimento a pacientes que tenham sofrido piora no quadro e precisem ser encaminhados para outra unidade hospitalar.

"As próximas etapas vão funcionar de forma contínua, estamos mensurando o corpo clinico que vai trabalhar aqui, para o primeiro módulo já está mensurado. Se precisarmos ativar amanhã, vamos fazer, caso haja necessidade, mas não existe nenhuma indicação por parte da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) nesse sentido", afirmou o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Giovanne Gomes da Silva.

"Vamos fazer isso (a ativação dos blocos) de forma gradativa, até por uma questão de economia. Não precisamos ativá-los se não houver pacientes, não vamos ter essa irresponsabilidade com o recurso público", disse o coronel.

De acordo com o governador do Estado, Romeu Zema (Novo), atualmente 4% dos leitos de UTI do Estado estão ocupados com pacientes de Covid-19. "Minas Gerais está caminhando para uma curva horizontal, mas nada indica que essa tendência vai permanecer. Podemos por algum motivo ter uma verticalização da curva. Estamos tomando todos os cuidados para que isso não ocorra”, afirmou Zema.

O objetivo do hospital de campanha é ampliar a capacidade de atendimento do sistema público de saúde do Estado, principalmente da região metropolitana de Belo Horizonte. A ideia é "desafogar" os hospitais convencionais para que eles tenham condições de atender casos mais graves. Até o momento, R$ 5,3 milhões foram investidos na obra, com recursos públicos e privados.

"Os hospitais continuam operando normalmente, na hora em que nós detectarmos que haverá falta de leitos, nós vamos transferir para cá aqueles pacientes com casos menos complexos. O hospital é onde tem toda a estrutura de exames complementares, uma série de recursos que não temos aqui", explicou Zema. O hospital de campanha só receberá pacientes com autorização de internação hospitalar, preferencialmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e com infecção pelo coronavírus.

Segundo o governador, o Estado vai disponibilizar 2.000 leitos de terapia intensiva adicionais.

Isolamento ainda é recomendação do Estado

O governador Romeu Zema disse que o isolamento social segue sendo a recomendação no Estado, mas ressaltou que os prefeitos têm autonomia para decidir as medidas a serem adotadas nos municípios.

"O isolamento tem se provado a medida mais adequada, nós estamos colocando a preservação das vidas em primeiro lugar, mas quem decide o que abre e fecha é o prefeito. Aqueles que avaliarem que suas cidades têm leitos e condição de flexibilizar alguma coisa, sem que a curva tome outro rumo, vão ter de fazer isso segundo as nossas orientações, tomando todos os cuidados possíveis", pontuou Zema.

O governador não confirmou se a recomendação de isolamento será mantida até junho, como previu o secretário de Estado de Saúde de Minas, Carlos Eduardo Amaral, mas disse que grandes aglomerações devem, sim, ser proibidas até lá.

"É muito provável que até junho nenhuma atividade com grande aglomeração volte. É provável que as aula não voltem, que casas de show não funcionem, que estádios de futebol não tenham público, isso com toda a certeza", disse. "Um estabelecimento comercial onde duas pessoas trabalham é muito diferente de um local com 300 pessoas. Cada caso tem que ser tratado de maneira específica, é muito difícil generalizar", completou.

Zema ainda criticou as medidas impostas pela Prefeitura de Belo Horizonte de proibição da entrada de ônibus de cidades do interior que afrouxarem medidas de isolamento social na capital. "É atribuição do prefeito. Mas vejo que talvez o que deveria estar ocorrendo é que prefeitos do interior barrassem ônibus da capital, visto que o maior foco da Covid-19 está na capital. Alguns prefeitos têm reagido de maneira extremista, não quero julgar ninguém especificamente. É um momento que exige cuidado, mas, na minha opinião, não é uma medida que deve ser tomada sem uma prévia análise, sem alguns cuidados. As pessoas têm direito de ir e vir", declarou.

Fila na Farmácia de Minas

Sobre as longas filas registradas diariamente na Farmácia de Minas, no bairro Santo Agostinho, ma região Centro-Sul de Belo Horizonte, o governador Romeu Zema citou a ideia de ampliar o projeto de parceria com o aplicativo de transporte 99 para a entrega de remédios a pessoas do grupo de risco, iniciado em Juiz de Fora, na Zona da Mata. Os usuários têm esperado por mais de três horas para conseguir ter acesso à área interna da Farmácia de Minas.

"Uma experiência que estamos fazendo em Juiz de Fora, através do aplicativo 99, é entregar o medicamento a domicílio aos usuários de medicamento de uso contínuo, para que eles não precisem tomar transporte coletivo nem ir a lugares com aglomeração maior. Assim que se provar válida essa experiência, queremos estender isso para as principais cidades do Estado", afirmou Zema.

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