Homem é preso por estuprar filha e obrigá-la a fingir ser namorada dele em BH

A denúncia do espancamento de uma criança de 4 anos no bairro Nova Gameleira, região Oeste de Belo Horizonte, levou a Polícia Civil à prisão de um homem que sequestrou e cometeu vários estupros contra a própria filha de 15 anos, com quem ele tem um filho de poucos meses. A menina morava com o suspeito, de 31 anos, e ele fazia ela se passar por namorada dele. 

A sequência de crimes foi descoberta na última sexta-feira (9), quando vizinhos acionaram a Polícia Militar por causa do espancamento de um menino de 4 anos. De acordo com o boletim de ocorrência, a criança estava com lesões nos dois olhos, bochechas e um grande inchaço na testa. 

Vizinhos se assustaram com a gravidade dos machucados e resolveram perguntar à criança o que havia ocorrido. A princípio, o menino disse que ele mesmo tinha se machucado, mas depois contou que a adolescente tinha dado socos e chutes nele.   

A menina foi identificada como madrasta da criança pelos vizinhos. O pai do menino disse que estava trabalhando e que quando chegou em casa a adolescente relatou que a vítima caiu da cama e se machucou.

Segundo o homem, por acreditar na versão da adolescente, ele não acionou a polícia. No entanto, o homem também não levou a criança para atendimento médico.Quando os militares foram verificar se o suspeito tinha alguma passagem pela polícia descobriram um mandado de prisão contra ele por estupro e o levaram para a delegacia. 

A Polícia Civil descobriu que o homem tinha sido indiciado em 2019 por estuprar a adolescente de 15 anos e que ela, na verdade, era filha dele e não namorada como o homem dizia. O indiciamento ocorreu em São Joaquim de Bicas, na região metropolitana de Belo Horizonte. 

"As investigações apontam que ele tirou a adolescente, na época com 13 anos, da casa da mãe dela, cometeu os estupros e a obrigou a ir morar com ele, como se fosse namorada dele. O pai inclusive engravidou a filha e eles têm um bebê de poucos meses. Na época do sequestro, a mãe da adolescente fez a denúncia, o homem foi indiciado e o mandado de prisão expedido, mas ele não foi preso", explicou a delegada Iara França, titular da  Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente da Polícia Civil (Depca). 

A Polícia descobriu que a adolescente é irmã do menino de 4 anos por parte de pai, mas de mães diferentes. Aos policiais militares, a adolescente também disse que o menino caiu da cama. No entanto, de acordo com a delegada pelas lesões apresentadas pela criança é impossível que tenha ocorrido uma simples queda. 

"Pela gravidade dos machucados essa criança foi espancada com algum objeto, como um pedaço de pau ou com uma barra de ferro, por exemplo. É possível perceber que não foi somente com a força do corpo", considera a delegada. No boletim de ocorrência consta que como as agressões a criança tinham ocorrido na última quarta-feira (7), ou seja, dois dias antes da apreensão da adolescente, que ocorreu na sexta, não havia mais flagrante e por isso ela foi liberada.
 
Como a menina é menor de idade, ela foi levada para o Conselho Tutelar de Belo Horizonte. A criança foi encaminhada a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Oeste e depois a um abrigo da prefeitura da capital, já que nenhum familiar dela foi encontrado para ficar com ela. O homem foi encaminhado ao sistema prisional. 

Suspeitos devem ser ouvidos nesta semana

A adolescente e o bebê, fruto dos estupros, foram levados para a casa de familiares da mãe da menina. A delegada contou que ela precisou ficar escondida com os familiares, já que moradores do bairro Nova Gameleira queriam agredi-la por causa do espancamento contra a criança de 4 anos. 

Ainda segundo a delegada, a menina será ouvida ainda nesta semana e pode responder por ato infracional análogo a lesão corporal. A mãe dela também será ouvida para mais apurações sobre o estupro cometido pelo homem e sobre a adolescente estar morando com ele. 

O homem também deverá ser ouvido nos próximos dias já que a Polícia Civil pediu ao sistema prisional que ele seja levado para prestar depoimento. Ele pode responder também por omissão de socorro em relação ao filho de 4 anos. A criança vai passar por exame de corpo e delito também nos próximos dias. O caso segue em investigação.