Um homem foi preso suspeito de chamar de "macaco" e de "viado" um atendente de uma rede de fast-food, simplesmente pelo fato de ele não ter troco para uma nota de R$ 100. As ofensas racista e homofóbica partiram de um cliente que comprava no Burguer King, no Via Shopping, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, nesta segunda-feira (23).
De acordo com o boletim de ocorrência, registrado por injúria racial, o trabalhador, de 23 anos, foi visto por guardas municipais gritando na rua e dizendo que tinha sofrido ataques racistas. Ao mesmo tempo, o suspeito, de 27 anos, tinha embarcado em um táxi e tentava ir embora do local. O veículo foi parado pelos guardas que pediram que o suspeito descesse.
O atendente relatou que após realizar a compra, o cliente quis pagar com uma nota de R$ 100. No entanto, o funcionário não tinha troco e por isso o homem teria o chamado de "macaco" e "viado". Ele ainda mandou o atendente ir para o inferno e saiu do local em direção ao táxi.
O suspeito deu outra versão no boletim de ocorrência. Ele disse que houve uma desavença por causa do troco e que o atendente teria o chamado de aleijado por ele ter problemas nos dedos. O cliente negou que tenha ofendido o funcionário do estabelecimento.
O caso foi encaminhado para a Delegacia de Plantão do Barreiro (Deplan 3) e o suspeito foi autuado em flagrante por injúria racial. Ele foi encaminhado ao sistema prisional. Foi arbitrada uma fiança, mas não foi feito o pagamento. A injúria racial tem pena prevista de 1 a 3 anos mais uma multa.
Por nota, o Burguer King informou que "repudia todo e qualquer tipo de discriminação, seja em suas lojas ou em toda a sociedade. A companhia informa que está ao lado de seu colaborador, prestando o suporte e apoio para garantir que todas as medidas necessárias sejam tomadas. A rede reforça que acredita e fomenta a importância de uma sociedade plural, onde todos sejam bem-vindos".
O Via-Shopping também emitiu um comunicado dizendo que "lamenta imensamente a injúria racial e homofóbica sofrida por um dos colaboradores de seus lojistas na última segunda-feira, 23, e reitera que tais comportamentos são inadmissíveis e sempre serão combatidos".
Por nota, o shopping informou ainda que só tomou conhecimento do caso, depois queos envolvidos já estavam registrando o boletim de ocorrência. "Nossa maior premissa é propiciar às milhares de pessoas que por nossos corredores passam experiências positivas, e quando um fato expõe quem quer que seja, em especial um funcionário que é parte fundamental de nossa engrenagem, ficamos profundamente consternados. Primamos pela justiça e igualdade e, com empatia, seguimos à disposição para contribuir com o andamento do caso, bem como com todo o acolhimento necessário ao funcionário", complementou.
Veja um vídeo da Polícia Civil explicando a diferença entre o crime de injúria racial e racismo: