Insumos para exames diagnósticos, início de tratamento contra o câncer e realização de cirurgias estão escassos no Hospital da Baleia, em Belo Horizonte. A instituição, que é referência no atendimento a pacientes com câncer pelo SUS, tem enfrentado dificuldade para repor o estoque de materiais hospitalares.

Entre os itens que estão em falta estão o soro fisiológico, os insumos para contraste e o sorbitol. Este último é uma solução aplicada em cirurgias para tratamento de câncer de útero e de próstata. Já o contraste não iônico, que também está acabando, é empregado em exames para diagnósticos. 

O motivo para a escassez de insumos é a falta de princípio ativo para produzi-los, segundo a assessora da Superintendência Técnica da instituição, Cynthia Lloyd. Ela destaca que a maior parte é importada da Ásia.

Além disso, faltam materiais de embalagem, como caixas de papelão, frascos, ampolas para envasar os medicamentos e também falta polietileno para produzir os recipientes dos soros fisiológicos.

O Hospital da Baleia destaca, porém, que não paralisou atendimentos e que tem feito uso racional dos itens. 

Prejuízo para o atendimento

A situação prejudica especialmente os pacientes oncológicos, provocando adiamento de cirurgias, atraso em diagnósticos e no início de terapias. "Eles precisam de soro para as pré-quimioterapias, quimioterapias e tratamentos de sinais e sintomas da doença com medicações", destaca Cynthia Lloyd.

“No caso da oncologia, o diagnóstico precoce, a correta aplicação dos medicamentos e a cirurgia realizada no tempo adequado são imprescindíveis para o sucesso do tratamento”, ressalta o Hospital da Baleia, que faz 95% dos atendimentos via SUS.

Uso racional dos insumos

A instituição ainda afirma que tem tentado reorganizar seus processos para garantir a continuidade do atendimento, sem paralisá-lo, e para fazer o uso racional dos itens. Isso passa, muitas vezes, pelo reaproveitamento das substâncias. 

“O contraste, que é um dos itens que está faltando, é usado nos exames de imagem. O que sobra no frasco a gente utiliza nos procedimentos cirúrgicos, urológicos e ginecológicos. Com isso, conseguimos racionalizar o uso do recurso e evitar cancelamento de outros procedimentos”, explica Cynthia Lloyd.