Depois de quase sete meses sem receber fiéis para celebrações, a Capela Curial São Francisco de Assis, que integra o patrimônio do conjunto arquitetônico da Pampulha, na região noroeste de Belo Horizonte, reabriu neste domingo tanto para atividades religiosas quanto para o turismo. Às 10h30 deste domingo, os 18 fiéis que conseguiram realizar agendamento para acompanhar a missa foram recebidos com entusiasmo, mas sem euforia. Afinal, era preciso que se fizesse cumprir uma série de medidas para garantir distanciamento social entre os presentes – algo que inviabiliza momentos de confraternização em que há troca de abraços e de correntes de oração em que religiosos dão as mãos uns aos outros.

A data, diga-se, tem um quê a mais de especial para devotos do santo o qual o templo é dedicado e para os entusiastas da tradição modernista da capital mineira, pois a cerimônia que marca a reabertura do local acontece no Dia de São Francisco de Assis, que viveu na atual Itália entre os séculos XII e XIII, e coincide ainda com o primeiro aniversário da conclusão das reformas e restaurações que obrigaram que a igrejinha ficasse fechada por mais de um ano.

Antes do início da celebração, o padre Welinton Lopes, titular da Paróquia de Santo Antônio, na Pampulha, falou à imprensa sobre como a tecnologia tinha se mostrado fundamental para manter a comunicação com os fiéis no período em que a pandemia da Covid-19 impediu encontros presenciais. Ao mesmo tempo, salientou que essas atividades são importantes. “É quando presenciamos o fervor da fé”, defendeu.

Na homilia, Lopes falou transversalmente sobre a pandemia e as queimadas em áreas preservadas no país - causas que se ligam à história do santo homenageado, que está associado à proteção dos animais. “Celebrar São Francisco é olhar para o mundo em sua totalidade e perceber que somos parte desse todo, que embora possamos modificá-lo, o ser humano é muito pequeno em relação ao universo”, disse. “Sem a natureza não há como o ser humano continue a existir sobre a Terra. Toda vez que presenciamos a destruição, presenciamos a insignificância do homem”, prosseguiu.

Fiéis comparecem emocionados e levam seus pets para cerimônia

Do altar talvez o celebrante não pudesse ver como o fervor religioso por ele mencionado, de fato, mobilizou passantes. Do lado de fora da capela, pelo menos uma dezena de fiéis, se organizando em grupos familiares, acompanharam a cerimônia. Muitos souberam por acaso do evento. Entre essas pessoas estava a advogada Lorena Maciel, 33. Ela fazia caminhada nos arredores da Lagoa da Pampulha quando viu a movimentação na capela e se aproximou. Decidiu, então, assistir à missa. Os olhos marejados denunciavam a emoção.

“É uma semana de muito importância para a luta em defesa dos animais, ao mesmo tempo que é um momento muito difícil”, comenta a advogada em referência à legislação que aumenta a pena para casos de maus-tratos a animais sancionada no dia 30 de setembro e aos incêndios no pantanal e na floresta amazônica. Dona de dois cães, esta foi a primeira vez que participou de uma celebração no local, mesmo que do lado de fora.

Como tradicionalmente a missa é sucedida de bênção para os animais, o que não ocorreu neste ano para evitar possíveis aglomerações, algumas pessoas levaram seus pets e acompanharam o rito do lado de fora da capela. A professora Lilian Ribeiro, 50, por exemplo, estava com seu cachorro por ali. A missa de São Francisco é data marcante no calendário dela. “Sempre venho para pedir pela proteção dos animais”, diz. 

Já a autônoma Eliane Glaucia de Souza, 44, participou do evento religioso para cumprir uma promessa. “No ano passado a Lady (a cachorrinha dela)  tinha sumido. Procuramos (ela e a família) por toda parte. Então fiz a promessa que, se ela aparecesse, nós estaríamos aqui para agradecer. Então, no dia de São Francisco do ano passado, ela voltou”, conta. “Estou maravilhada que as missas tenham voltado a acontecer agora, de uma forma que pude pagar o prometido ao santo”, comemora.

Limitações e protocolos

A popularmente conhecida como Igrejinha da Pamulha tem capacidade para receber 85 pessoas originalmente, mas por causa da necessidade de distanciamento social vai receber grupos menores de até 18 visitantes para missa e três para visitas em outros momentos. Durante as celebrações os bancos vão ficar intercalados entre ocupados e vazios, para resguardar as distâncias de dois metros entre as pessoas. Turistas e fiéis, antes de entrar no local, terão sua temperatura aferida e deverão usar máscara facial.

As missas na Igreja São Francisco de Assis são celebradas sempre aos domingos, às 10h30. Exceto na segunda-feira, a Igrejinha poderá ser visitada todos os dias. O horário de visitas é das 8h às 17h. 

O agendamento para participar das missas deve ser feito na secretaria paroquial da Paróquia Santo Antônio, da Pampulha, pelo telefone (31) 3427-2866. As visitas turísticas, ao longo da semana, serão por ordem de chegada. O valor da taxa de visitação é R$ 5,00 – aos que têm mais de 65 anos, estudantes, pessoas com deficiência ou jovens de baixa renda, com idade entre 15 e 29 anos, é assegurada a meia-entrada.