APÓS TRÊS MESES

Justiça solta biomédica investigada por morte de paciente em Divinópolis

Decisão da justiça cita excesso de prazo na conclusão do inquérito

Por Bruno Daniel
Publicado em 16 de agosto de 2023 | 12:47
 
 
 
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A Justiça de Minas Gerais liberou da prisão domiciliar a biomédica investigada pela morte de uma paciente na clínica dela, em maio deste ano. A decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais foi publicada nessa terça-feira (15 de agosto). Ela estava presa desde o dia 8 de maio deste ano. 

No pedido de relaxamento da prisão, o advogado de defesa da mulher, Tiago Leonir, argumentou que ela já estava presa há 72 dias, sem que tivesse o início da fase de instrução criminal. Na avaliação do defensor, o fato configura “excesso de prazo na formação da culpa e da finalização do inquérito policial”. Tiago também defendeu que a permanência da biomédica dentro de casa a impedia de realizar atividades essenciais para ela e a família, como ir ao supermercado, farmácia, médico, levar os filhos à escola, médico e dentista. 

Responsável pela análise do caso, o juiz Ivan Pacheco de Castro, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Divinópolis, concordou com a argumentação da defesa. Apesar de ressaltar que o fato investigado é grave, ele cita que, após mais de três meses, o inquérito policial ainda não tem previsão para ser concluído. A decisão também destaca que a causa da morte ainda não foi esclarecida. 

“Sequer há comprovação da prática do crime de homicídio imputado à requerente, devendo ser ressaltado que a demora não se apresenta justificada e o trâmite processual no caso concreto já foge da normalidade”, diz o magistrado. 

Apesar de poder sair de casa, a biomédica continua proibida de manter contato com testemunhas do caso. Ela também segue com a licença de biomédica suspensa e as contas das redes sociais bloqueadas, mas devido a outro processo, no qual ela é investigada por lesão corporal leve.  

Em nota, a Polícia Civil disse que o inquérito da morte da mulher está em fase de elaboração do relatório conclusivo. A instituição também explica que,  devido à complexidade da investigação, foram necessárias diligências adicionais, que foram autorizadas pelo Poder Judiciário e tiveram apoio do Ministério Público.

Relembre o caso 

Em 8 de maio deste ano, uma mulher de 46 anos sofreu uma parada cardiorrespiratória durante um procedimento de lipoescultura em uma clínica de Divinópolis, região centro-oeste de Minas Gerais. Ela chegou a ser socorrida para um hospital, mas não resistiu. Na época, segundo a Polícia Civil, foram constatadas pela perícia dez perfurações no abdômen da vítima e outras duas nos glúteos, além de hemorragia relacionada ao procedimento. 

A biomédica responsável pelo estabelecimento e uma assistente dela foram presas no dia 9 de maio. As mulheres são investigadas por homicídio doloso, quando não há intenção de matar. Segundo a Polícia Civil, a clínica não tinha autorização para realizar cirurgias e não possuía estrutura física adequada para atendimento emergencial. Ainda conforme a instituição, o estabelecimento tinha autorização para operar apenas como clínica estética. 
 

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