O cenário alardeado desde o início da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) pelo prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), se consolida com as determinações que passarão a valer a partir da próxima segunda-feira (29), com a liberação apenas de serviços essenciais. Não adiantaram os apelos do chefe do Executivo e os lembretes de que era preciso respeitar o distanciamento social.

Veja a íntegra da entrevista concedida por Alexandre Kalil

"Temos que entender que estamos em guerra. Avisei em 18 de março. Em guerra, falta álcool, ônibus fica cheio porque a bomba está caindo. A pessoa está fazendo um churrasco no prédio, não sabe que o mundo está em queda. A compreensão de que estamos em guerra é que faltou a muita gente. Nunca vi fazer churrasco em guerra. Nunca vi correr em guerra. A culpa é toda do prefeito. Estou matando o comércio, a economia. Mas vamos tentar preservar até o último dia a vida, a coerência, a responsabilidade com a vida humana", afirmou.

O médico infectologista que lidera o comitê da capital de enfrentamento à doença, Estevão Urbano, frisou que "o vírus explode em reuniões mais demoradas, uma festa, um churrasco, uma reunião", por exemplo, algo que vem ocorrendo e foi condenado desde o início da pandemia.

Ainda na entrevista concedida nesta sexta (26), o prefeito lamentou o retorno à fase zero da flexibilização econômica, mas explicou em números o trabalho que vem sendo feito com o intuito de se salvar vidas.

"Em março tínhamos 82 leitos preparados para Covid. Hoje, temos 301 em funcionamento. Em março tínhamos 114 leitos de enfermaria, hoje temos 798. Estendemos toda a ajuda humanitária. Ampliamos esse trabalho para julho e agosto. E esperamos não faltar recursos para continuar a aplicar a esse pessoal que está sofrendo tanto (em aglomerados, vilas, etc…). Distribuímos 749.625 cestas básicas. No banco de laimentos, com frutas, legumes e verduras, foram 640 mil refeições. E em abril, mais 511 mil", enumerou.

"Ninguém morreu por falta de atendimento ou falta de UTI. Se flexibilizamos, é porque tínhamos como. Ninguém morreu afogado em aquário. Demos uma oportunidade. Aproveitamos uma janela. Do mesmo jeito que não foi aproveitada, estamos voltando humildemente atrás. Os que perdemos, perdemos atendendo com qualidade, intensivistas, médicos, virologistas. Não faltou atendimento a ninguém e é por isso que estamos recuando", continuou.

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Hospital de campanha

Com as UTIs atingindo quase 100% de suas capacidades, o prefeito foi questionado sobre a abertura do hospital de campanha, montado no Expo Minas e de responsabilidade do governo estadual de Romeu Zema (Novo).

"Sobre o hospital de campanha, o governo deve responder. Não vou me meter em coisas que não me dizem respeito. Quanto o porquê da volta à flexibilização, lembro que BH foi a primeira grande capital a abrir porque foi a primeira a fechar. Com nossos números, com protocolo feito pelo nosso comitê, quero informar que Contagem também está tomando as mesmas providências de BH", completou, no que diz respeito ao recuo no processo de reabertura.