Família aflita

Mãe cobra do IML identificação de corpo que seria da filha: 'já faz cinco meses'

Débora, que estava grávida de seis meses, teria sido assassinada com o companheiro em Santa Luzia, e corpos foram encontrados carbonizados em Taquaraçu de Minas

Por CAROLINA CAETANO
Publicado em 21 de junho de 2021 | 20:01
 
 
 
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"Até hoje ninguém foi preso, não tem a identificação da minha filha. Eu estou em um sofrimento danado, nem remédio para dormir adianta. É uma angústia que só Deus", o desabafo é da cozinheira Adinalva Gonçalves Ferreira, de 43 anos, que desde o início do ano tenta conseguir no Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte a identificação da filha. Débora Cristina Gonçalves Dias, de 19, teria sido assassinada junto com o companheiro. O motivo da demora, conforme a família, seria um problema em um dos equipamentos do instituto. 

No dia 19 de janeiro, dois corpos foram encontrados carbonizados dentro de um carro incendiado em Taquaraçu de Minas, na região Central de Minas. À época do duplo homicídio, a Polícia Militar (PM) informou que o casal combinou uma corrida particular com um motorista em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte. Em um certo momento do trajeto, eles deslocaram para a zona rural da cidade, onde foram rendidos por criminosos. O homem e a mulher foram baleados e levados da área dentro de um carro. O motorista foi deixado em um lugar ermo.

Adinalva soube do crime pela Polícia Militar no mesmo dia, e da possibilidade de uma das vítimas ser a filha. Ela tinhase encontrado com Débora uma semana antes dos assassinatos e, desde então, não teve notícias da jovem. 

"Estou esperando esse exame de DNA já faz cinco meses. Todas às vezes que eu liguei no IML para saber da identificação, eles diziam que, devido aos corpos estarem carbonizados, está difícil para colher o material e fazer o exame, mas não era isso.E agora que me falaram que o equipamento está estragado. Eu nem sei se é ela mesmo, estava sem documento", explicou. 

Gravidez

Segundo a mãe, Débora estava grávida de seis meses. A possibilidade de gravidez já tinha sido levantada pela PM à época dos fatos, De acordo com Adinalva, a filha estava com o companheiro há cerca de um ano e, quatro meses antes, tinha sofrido um aborto espontâneo.

Ainda conforme a corporação, o homem assassinado tinha antecedentes criminais por roubo, homicídio, porte ilegal de arma e teria deixado a prisão em junho do ano passado. Ele também ainda não foi identificado no IML.

"Era o primeiro filho dela, meu primeiro neto. Estávamos felizes com a criança, o sonho dela era ser mãe. A Débora não era de falar do relacionamento, não sei se estavam sofrendo alguma ameaça. A Polícia Civil disse que investigou, concluiu o inquérito, mas ninguém foi preso. Falaram que encaminharam ao juiz e estão esperando o mandado de prisão", afirmou a mãe.

Posicionamento Polícia Civil 

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Polícia Civil confirmou que o inquérito foi encaminhado à Justiça e que as informações serão repassadas em momento oportuno. Sobre o possível equipamento com defeito, a instituição informou que uma reunião teria início às 17h. No entanto, até as 19h, não havia informações da questão. O espaço segue em aberto.

Veja a nota na íntegra sobre a investigação:

"A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que o processo de identificação dos dois corpos oriundos de Taquaraçu de Minas não foi concluído devido a defeito apresentado em equipamento específico, denominado quantificador de DNA. Informa também, que nos próximos dias, (6/7), haverá a realização de pregão para a manutenção corretiva do aparelho. Reiteramos que pelo fato de os corpos terem sido encontrados carbonizados, a identificação, que não foi possível por papiloscopia, antropologia ou odontologia, demanda maior prazo. Ainda, a Superintendência de Polícia Técnica-Científica da Polícia Civil Minas Gerais informa que, após a realização do pregão, em até trinta dias, a identificação dos dois corpos deverá ser finalizada. Por fim, a PCMG solidariza-se com os familiares das vítimas"

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