Belo Horizonte vai iniciar sua segunda fase de flexibilização do comércio a partir desta segunda-feira (8). Estabelecimentos como lojas de artigos esportivos, calçados e bebidas, fechados devido à pandemia de coronavírus, poderão reabrir e, com isso, cerca de 15.200 trabalhadores voltarão a seus postos, segundo dados da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).
A primeira fase de reabertura do comércio aconteceu no dia 25 de maio, quando aproximadamente 90,2% das lojas existentes na capital puderam voltaram a funcionar ou continuaram abertas. Papelarias, lojas de tapeçaria, de brinquedos e de veículos, por exemplo, voltarão às atividades, mas com algumas restrições e, nessa ocasião, cerca de 809.750 pessoas estavam no batente.
Segundo a PBH, com esta segunda fase, o percentual de estabelecimentos aptos a funcionar em Belo Horizonte atingirá aproximadamente 91,9%. Atualmente, cerca de 825 mil pessoas trabalham no comércio na cidade, mas cerca de 72 mil ainda não podem voltar ao serviço devido às determinações impostas como medida para conter a doença.
Regras
Entre as regras gerais, válidas para todos aqueles que podem abrir as portas, está a limitação do público no interior da loja. A lotação deverá ser determinada pelo comerciante calculando uma área de 5 m² por pessoa – cliente ou funcionário. Trabalhadores em grupo de risco precisam ser dispensados da obrigação de sair de casa e os que precisarem retornar ao trabalho devem estar vacinados contra a gripe.
Aparelhos de ar-condicionado não podem ser ligados, promoções estão suspensas, e mostruários para experimentação e provadores estão proibidos. O uso de máscaras no interior das lojas, como em toda a cidade, é obrigatório.
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Sobre o horário de funcionamento, as atividades que reabrirão nesta segunda-feira estão liberadas entre 11h e 19h. Além dos novos segmentos, a PBH informou que também partir desta segunda o horário de abertura das lojas que já tinham sido liberadas na fase 1 passou das 11h para às 9h.
Atividades que pressupõem uma maior aglomeração de pessoas continuam fechadas, como academias, lojas de roupas, clubes sociais, shoppings e galerias, boates, eventos, escolas e boates, continuam fechadas.
Projeção
De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marcelo de Souza e Silva, a flexibilização do comércio é muito importante para a cidade, mas agora, o próximo passo é conversar com os setores ainda fechados. "Nós estamos concordando com essa reabertura, achando muito positivo. Mas o que estamos objetivando agora é dar uma atenção especial aos shoppings, bares, restaurantes e também à Galeria do Ouvidor", afirma.
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"A PBH precisa aprofundar nas conversas, buscando pelo menos uma projeção e uma previsibilidade de reabertura desses locais. Nós estamos estamos muito preocupados, por exemplo, com a região do Barro Preto por causa do setor de vestuário. Ainda tem que ouvir as atividades que estão faltando, mas que não impactam tanto na movimentação de pessoas, como também é o setor de eletrodomésticos. Mesmo que não abra agora, discuta com eles. Eu acho que o modelo feito com o comércio pode servir também para escolas e academias", completa.
Em relação aos estabelecimentos que já reabriram, Marcelo enxerga como uma decisão acertada e que a sociedade tem contribuído para a flexibilização continuar nas próximas semanas. "Em andanças eu não vi tumulto. A gente vê as pessoas comprando, mas procurando antes saber sobre os produtos e a própria loja, como ligando para lá, até porque isso não é hora de ficar andando pela rua. É um modelo que vai evoluindo", disse.
Segundo o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Aguinaldo Diniz, o retorno gradativo das atividades é essencial, mas ele tem que ser feito com responsabilidade. "Eu acho muito importante que o comércio volte a andar. Subiu muito o número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), por exemplo, e isso é muito preocupante, mas todos nós também queremos que os estabelecimentos voltem a funcionar paulatinamente, mas com todo cuidado possível", disse.
Entretanto, ele pondera que o mais importante no momento é a saúde. "Temos todos que ter um cuidado redobrado com a vida humana. O 'Minas Consciente' é muito bem feito, então, se for seguindo seus moldes, nós podemos evoluir sim. Mas se por acaso os casos da doença aumentarem demais, aí é hora de retroceder. Mas as pessoas tem trabalhar, tem que viver", conclui.
Doença
Segundo boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde nesta domingo (7), Belo Horizonte é a cidade mais afetada pelo coronavírus em Minas Gerais, com 2.438 casos confirmados da Covid-19 e 59 mortes causadas pela doença.