Minientrevista

Maria José Soares

É só essa luta que me deixa em pé. Depois do julgamento, não sei o que vai ser da minha vida


Publicado em 24 de maio de 2009 | 18:50
 
 
 
normal

Como está a expectativa pelo julgamento?
Eu estou na maior ansiedade. Realmente não sei se eles (os acusados) vão ser condenados. Mas já estou me sentindo vitoriosa só do caso ter ido a júri popular. Muitas pessoas me diziam que não ia dar em nada.

E como a senhora está depois de toda essa luta por justiça?
É só essa luta que me deixa em pé. Depois do julgamento, não sei o que vai ser da minha vida. Eu era professora de história e me aposentei. Agora, só cuido dos meus dois filhos. Lutei muito nos últimos anos. É tudo muito triste. A vida não é brinquedo, não.

A senhora acredita que a Aline jogava RPG no dia em que morreu?
Olha, se ela conhecesse esse jogo, eu teria sabido. A gente era muito unida. Para você ter uma ideia, ela me ligou por volta das 19h da noite em que morreu. Estava muito feliz, quase gritando no telefone: “Mãe, aqui está bom demais.” Minha filha também telefonou no dia anterior.

A Aline conhecia o pessoal da república?
Não. Ela só conhecia a prima mais velha (Camila) e uma amiga da prima. Elas foram juntas. Essa história de RPG surgiu porque a Camila jogava esse jogo e os rapazes também.

A Aline tinha muito contato com a Camila?
Não, só de vez em quando. A Camila morava em Guarapari, no Espírito Santo. Até acho que foi lá que ela aprendeu esse jogo. Inclusive, teve um caso semelhante, na praia do Morro, envolvendo esse RPG. Os pais de um garoto que jogava foram assassinados. Sei lá, a Camila era muito estranha.

Estranha como?
Ela usava roupas e unhas pretas, cabelo vermelho, não gostava de estudar.

A Camila usava drogas?
Acho que sim. Ela cheirava até cola de sapateiro. O chão do apartamento em que ela morava sempre tinha cola no chão.

E ela morava sozinha?
Durante um tempo, ela morou com minha irmã. Mas ela brigou com todo mundo e passou a morar sozinha.

Mesmo assim, você deixou elas viajarem juntas?
Minha filha era muito responsável. Eu podia confiar nela.

Você e a Camila têm contato hoje?
Não, eu e meus filhos ficamos muito magoados com isso tudo.

E a Aline, usava drogas?
Acho que não. Ela gostava de tomar uma cervejinha. Mas acho que, se ela gostasse de drogas, eu saberia. A gente era muito amiga.

Na época do crime, ela estava fazendo faculdade fora?
Ela estava fazendo farmácia em Caratinga, perto de Manhumirim, onde moro. Aline passava os fins de semana comigo. Mas já havia saído da faculdade, queria outro curso.

E os dois filhos da senhora, como eles lidam com a situação?
Eles ficaram revoltados. Às vezes, os pego dizendo que querem vingança. Mas o que queremos mesmo é justiça.

E a senhora acha mesmo que a Camila e os rapazes da república são os assassinos de sua filha?
Não posso afirmar, mas meu coração de mãe diz que foram eles. (AN)

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!