Análise

Máscara em local fechado: 'Vou continuar mantendo’, diz infectologista de BH

Prefeitura desobrigou uso do item na capital, mas médicos recomendam que ele seja mantido em algumas situações

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 27 de abril de 2022 | 12:29
 
 
 
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Infectologistas que compunham o extinto comitê de enfrentamento à pandemia da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) divergem sobre a decisão do governo municipal de desobrigar o uso de máscara em locais fechados a partir desta quinta-feira (28)

O médico Unaí Tupinambás discorda da liberação neste momento. "Acho que ainda deveríamos manter a máscara em locais fechados, como comércio, sacolão, supermercados, açougues, drogarias, enfim. Acho que (a mudança) só faz confundir a população. Deveria ser uma regra: locais abertos sem máscara, locais fechados com máscara, para facilitar a adesão. E aguardar um pouco passar o outono e o inverno para ver como será o comportamento de novas variantes no nosso meio", pontua.   

Já o infectologista Estevão Urbano avalia que o momento da pandemia é propício para a desobrigação do uso de máscara em locais fechados. Ele destaca, porém, que abandonar o item de segurança é opcional e que ele ainda é necessário em algumas situações. 

“As pessoas que estiverem inseguras devem manter a máscara. Eu vou continuar mantendo, por uma questão de zelo, vamos dizer assim. É importante dizer que, para aquelas pessoas que não utilizarão mais a máscara, é fundamental que, no caso de qualquer sintoma sugestivo de uma virose, como dor de garganta, continue a utilizá-la e busque assistência médica e faça seus exames. O que temos visto em alguns países é que a liberação foi feita de forma muito desenfreada e sem critério, então houve aumento de casos. A pandemia não acabou”, diz. 

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) recomenda que grupos com maior risco para agravamento da doença, como gestantes, idosos e pessoas com imunossupressão, continuem a utilizar o item independentemente de recomendações dos governos locais. A SBI também pede que a população geral mantenha a máscara em situações de risco, como ambientes fechados com aglomeração.

O infectologista Carlos Starling, também membro do antigo comitê municipal, pontua que a comunicação sobre o fim da obrigatoriedade da máscara precisa ser aprimorada. "Não é razoável que as pesosas deixem de usar a máscara em ambiente fechado, prque o vírus continua circulando. Neste momento, eu estou na Europa participando do Congresso Europeu de Infectologia e, nas salas de apresentação, não tem nenhum infectologista do mundo inteiro sem máscara, mesmo sendo ambientes gigantescos e amplos, onde as pesosas podem permanecer com distanciamento umas das outras. As pessoas com consciência devem continuar utilizando máscara em ambientes fechados", exemplifica. Ele lembra que empresas e o comércio têm liberdade para decidir se ainda exigirão o item. 

Parte da população ainda escolhe manter a máscara

(Com informações de Manuel Marçal)

A reportagem da Rádio Super 91,7 FM ouviu cidadãos na região do Barreiro logo após o anúncio do governador Romeu Zema (Novo) sobre a desobrigação do uso de máscara, que foi seguida pela decisão da PBH. Mesmo com liberdade para abandonar o item, alguns deles prometem que ainda o manterão. 

"Eu continuo com medo. No meu serviço, trabalhamos o dia inteiro com máscara. Às vezes, não é só a Covid, tem outros vírus que podemos pegar. Eu sei que é ruim, mas temos que usar máscara", avalia a coordenadora de serviços gerais Eliane Silva de Oliveira, 49. 

Rodolfo Miranda, 73, segue um raciocínio parecido. "A máscara, no momento, não incomoda mais, porque é muito tempo fazendo uso dela. A pandemia pode estar escondida em algum canto e pegar a gente", conclui.

"O vírus ainda está circulando na sociedade. Em outros países, os índices de contaminação aumentou bastante. Então, eu acho cedo (essa decisão). Mas, uma hora vai ter que tirar mesmo a máscara, porque ela incomoda muito, seja em ambiente fechado ou aberto. Ainda assim, é cedo", opina o promotor de vendas Vladimir Santos, 3 

Para o operador de máquinas Aleksander Rodrigues, a decisão é valida, uma vez que os índices de contaminação e morte no Estado baixaram. "A questão não é sobre o fato de as pessoas não aguentarem mais usar máscara, mas, já que os índices baixaram, não faz mais sentido usar máscara em lugar fechado", pontua.

Esta matéria foi atualizada às 15h30 para incluir falas do médico Carlos Starling e de pessoas ouvidas no Barreiro

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