O secretário geral do governo de Minas Gerais, Mateus Simões, criticou a retomada de atividades na Região Metropolitana de Belo Horizonte fora dos parâmetros do programa Minas Consciente — ao qual a capital não aderiu. “A capital e a região metropolitana são as que apresentam piores índices em número de contágio da Covid-19 nas últimas semanas, coincidentemente logo depois das decisões de reabertura divorciadas dos protocolos do Minas Consciente adotados pela capital e pelo entorno. A abertura dos shoppings populares há 15 dias já está cobrando seu preço”, criticou Simões, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (17).
O secretário geral pediu que municípios abandonem medidas que não estejam alinhadas aos parâmetros do Minas Consciente e, se não adotarem o programa oficialmente, utilizem protocolos similares aos dele para retomada de atividades.
O secretário adjunto de Saúde, Marcelo Cabral, esclareceu que não há punições previstas para municípios que tenham aderido ao Minas Consciente, mas descumprem medidas do programa. “Infelizmente, a pena que pode ser aplicada a cada um de nós, se não observarmos esses protocolos, regras e direções seguras, é a pena de morte”, afirmou.
O secretário geral, Mateus Simões, disse, ainda, que tem havido questionamento constante sobre a abertura do hospital de campanha montado no Expominas — o que não deve acontecer até sinalização de esgotamento dos demais hospitais, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) tem indicado nas últimas semanas. Simões cobra que os municípios da região metropolitana informem com mais clareza a necessidade de auxílio na estrutura de saúde municipal.
"Em um compromisso feito publicamente pela Prefeitura de Belo Horizonte, prometeu-se a expansão de mais de 1.000 leitos na cidade, falou-se em 7.000 leitos com respiradores e nada disso foi efetivamente implantado. Da previsão inicial de expansão de CTIs, contamos com pouco mais de 25% da expansão que havia sido prometida pela prefeitura”, apontou Simões.
E completou: "O Estado, obviamente, olha para Belo Horizonte não como uma cidade, mas como capital de todos os mineiros. Aqui está a maior parte dos nossos recursos humanos, dos nossos investimentos em saúde e da nossa capacidade de atendimento. Mas precisamos que a prefeitura cumpra com seus compromissos de abertura de leitos e, se ela não for capaz de cumpri-los, nos sinalize, para que possamos fazer esforço adicional ao que já estava programado".
Ele disse, ainda, que aproximadamente 25% dos casos de Covid-19 em BH são tratados na rede da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). Simões anunciou que 23 leitos de UTI serão abertos imediatamente no Hospital Júlia Kubitschek, parte da rede, com mão de obra fornecida pela Polícia Militar.
Na coletiva, o secretário de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, pontuou que prestadores de serviços de saúde em Minas, inclusive na rede estadual, têm relatado dificuldade para adquirir sedativos e relxantes musculares. "A Secretaria de Saúde e o governo de Minas estão tentando por todos os meios para que consigamos comprar medicamentos e repor essa necessidade", afirmou.
A reportagem cobrou posicionamento da Prefeitura de Belo Horizonte sobre as declarações do secretário-geral do Estado e aguarda retorno.
Confira nota da Prefeitura de Belo Horizonte:
Diferente do que sinalizou o governo do estado em coletiva nesta quarta-feira, é importante esclarecer que o aumento de casos da COVID 19 em Belo Horizonte e na região Metropolitana não se deve exclusivamente à retomada de atividades, uma vez que a curva começou a sua fase ascendente, uma semana antes da flexibilização em Belo Horizonte.
Este aumento não tem relação com a não adesão dos protocolos do Programa Minas Consciente, mesmo porque, cidades que aderiram ao Programa do estado tiveram que voltar atrás. Belo Horizonte tem o protocolo próprio, o Plano de Contingência, que utiliza muitas das coisas positivas que Minas Consciente utiliza e outras diretrizes que não são necessárias em cidades de menor porte.
Enquanto o governo diz que a Prefeitura precisa cumprir com os compromissos de abertura de leitos, Belo Horizonte trabalha de forma ininterrupta para disponibilizar novas unidades e conta hoje com leitos e respiradores necessários para a assistência da população. Neste mês, a capital já abriu 26 leitos e vai abrir pelo menos mais 68 nesta – entre unidades de UTI e enfermaria.
É importante destacar que a capital não recusa receber moradores de outros municípios nos hospitais da rede. Continuamos a atender a residentes de outras cidades que têm pactuação com a capital.
Entretanto, para que as unidades da rede municipal SUS de Belo Horizonte não sejam sobrecarregadas, é importante que outras cidades do estado também sejam contempladas com novas unidades de internação, e tenham capacidade para atender à moradores das suas regiões, que muitas vezes precisam viajar longas distâncias para terem o atendimento de saúde na capital.
Por fim, a Prefeitura lamenta que pessoas utilizem a pandemia para fins políticos.
Matéria atualizada às 19h20