Um dos laudos periciais sobre a queda da garota de 10 anos do 9° andar de um edifício no bairro Heliópolis, na região Norte de Belo Horizonte, foi concluído e descartou a hipótese de que ela tenha sido arremessada do apartamento dos primos da mãe, onde passava o fim de semana do Dia das Crianças. Este é a apenas um entre os relatórios da investigação e, apesar de sua conclusão, outras análises técnicas sobre a queda permanecem em andamento.

"Eu pedi a complementação desse primeiro laudo pericial para obter alguns esclarecimentos e ainda estamos aguardando o exame de corpo de delito da criança, que será feito com base no prontuário médico dela no hospital. Na verdade, o laudo não fala que a criança não foi arremessada. O que nos levou à conclusão de que ela não foi jogada pela janela é a junção das provas testemunhais com a prova pericial", explica Ana Patrícia Ferreira França, delegada à frente da investigação. 

Apesar disso, ainda não se pode antecipar se alguém será ou não indiciado após a conclusão do inquérito, previsto para ser encerrado no começo do próximo mês. "Dizer que ela não foi arremessada não é o mesmo que dizer que não houve crime. Pode haver, ao final, a possibilidade de indiciamento por crime culposo ou crime de omissão, por exemplo", pontua a delegada. 

Investigação

Nove pessoas, entre elas familiares da criança e moradores e funcionários do edifício, já foram ouvidas pela Polícia Civil no decorrer das últimas duas semanas. Em seu depoimento, o pai da criança contou que, há três anos, a menina sofreu um episódio de sonambulismo durante uma viagem da família à cidade de Caldas Novas. Contudo, não há documento médico juntado ao inquérito para comprovar este estado da garota. 

Ela está internada em estado grave no Hospital de Pronto Socorro (HPS) João XXIII, desde 13 de outubro – data da queda. Naquele dia ela foi socorrida às pressas pelo SAMU, que constatou várias fraturas em inúmeras partes do corpo, traumatismo craniano, cortes no rosto e muitos machucados no tórax. De lá para cá, a criança foi submetida a algumas cirurgias para correção das fraturas. 

Registro policial 

O primo da mãe da menina, proprietário do apartamento em que ela estava, contou à polícia que acordou por volta de meia-noite ao ouvir um barulho estrondoso na parte externa do prédio. Quando ele e sua esposa se levantaram, descobriram o corpo da menina caído na área privativa de um apartamento no 1° andar daquele edifício. No boletim de ocorrência, consta que o telhado desse espaço chegou a quebrar com o impacto da queda. Moradores deste apartamento também acordaram assustados e, ao chegarem na área, se assustaram ao encontrar a menina. 

No dia seguinte à queda, a Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar as causas da queda, e o caso ficou a cargo da 3ª Delegacia de Polícia Civil em Venda Nova. O pai da menina confirmou à reportagem que ela já havia passado por episódios de sonambulismo e pode ser essa a causa dela ter despencado da varanda do apartamento dos primos. 

(Com informações de Natália Oliveira, Pedro Ferreira e Rafaela Mansur)

Atualizada às 12h57.