Depois de perder a mãe e ficar sob a guarda de um pai super agressivo, o pequeno Elias Emanuel Martins Leite, de 6 anos, teve morte encefálica, nesta segunda-feira (27) ocasianada pelo espancamento do pai dele que, completamente embriagado, perdeu a paciência ao ensinar um dever de casa para o filho. O crime ocorreu no domingo (26) em Caratinga, no Rio Doce.
De acordo com a prefeitura da cidade, a criança está no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), em Belo Horizonte, onde os aparelhos ainda não foram desligados nesta terça-feira (29). A família e a equipe médica devem decidir quando desligar os equipamento já que o quadro de Elias, segundo a prefeitura, é irreversível. O HPS não divulga informações sobre pacientes.
Segundo a Polícia Militar, o pai, de 26 anos, contou que para castigar Elias, durante a realização de um dever de casa, deu diversos golpes com um chinelo no menino, socos no rosto, chutes na costela e nas pernas. Por fim, ele deu uma rasteira na criança, que bateu a cabeça em um móvel e perdeu a consciência.
O menino teve convulsões e ficou desacordado. O pai se desesperou com a situação e deu um banho no filho com o intuito de acordá-lo. Como não deu certo, ele pegou o menino e o levou a uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da cidade, sem as roupas. Ele não vestiu o menino antes de levá-lo a unidade de saúde e chegou com a criança embrulhada em uma toalha.
Na UPA, a Polícia Militar foi acionada e o suspeito aguardava do lado de fora da unidade de saúde, onde foi preso. Ele disse que tinha ingerido bebida alcoólica, que ficou nervoso com a criança e que por isso cometeu o crime.
O médico que atendeu Elias, informou que ele chegou em estado muito grave a UPA. Ele tinha vários hematomas no rosto, crânio e pescoço. Além de ferimentos nas costelas e nas pernas. O menino precisou ser entubado e ficou em coma. Por causa da gravidade, ele foi transferido para Belo Horizonte, onde não resistiu e morreu.
Suspeito tem histórico de violência
Segundo a Polícia Militar, o suspeito tem passagem por alguns crimes, dentre eles, homicídio. Ele mesmo contou aos policiais que já tinha agredido o filho outras vezes e que já tinha, inclusive, sido advertido pelo Conselho Tutelar de Uberaba.
Após espancar o menino, o suspeito mandou a mulher dele entregar uma arma que estava na casa do casal para o irmão dele. A mulher disse aos polícias que entregou por ter medo do suspeito, com quem tem um filho pequeno. Ela disse já ter sido agredida por ele diversas vezes.
O irmão do suspeito, um rapaz de 19 anos também foi preso. Ele tentou fugir com a arma do suspeito, mas foi pego pelos militares. Na fuga ele dispensou a arma que não foi mais encontrado.
Mãe da criança morreu em 2015 e menino foi morar com pai há três meses
A mãe do pequeno Elias morreu em 2015 vítima de um afogamento na Bahia. O menino ficou sob a tutela da avó materna antes de ser levado pelo pai. A família materna da vítima é da cidade de Santa Bárbara do Leste, vizinha de Caratinga, e onde devem ocorrer o velório e enterro do menino.
O avó materno da vítima conta que o menino foi morar com a avó paterna e o pai dele há cerca de três meses. "Ele falou que ia cuidar dele direitinho. Foi lá no Conselho Tutelar de Caratinga e pediu a guarda do menino. Só que ele mentiu para minha ex-mulher (avó da criança) dizendo que já tinha conseguido a guarda e levou o Elias", disse Nivaldo Fonseca, de 55 anos.
Ele contou também que não sabia que o suspeito era violento. "Meu neto sempre falava do pai e que gostava de ir para a casa dele. Inclusive quando a o pai levou ele, ele disse para a minha ex-mulher que ela não precisava nem separar roupa para ele por que o pai compraria", conta o avô.
Segundo ele, a avó pediu falou para o suspeito que tivesse paciência com a criança. "Quando eles pegaram ele aqui (em Santa Bárbara) para levar para lá (Caratinga), ela falou para ter paciência com o menino que ele é um menino esperto, ativo, não era menino bobo e tinha os defeitos dele que queria comer só bobagem. E era um pouco lerdo para estudo e não aprendia rápido como queriam que ele aprendesse, deve ser por causa disso que perdeu a paciência com o menino. E a avó pediu para ter paciência e não judiar dele".
O homem disse ainda que a família agora espera Justiça. "E quero que ele pague pelo que ele fez, isso não é coisa de um pai fazer não bater no menino desse jeito. Esse homem é um monstro. Um pai que faz isso com o filho tem nem o que falar. Agora fica a saudade né", conclui o avô.
Suspeito foi preso em flagrante
O suspeito foi preso em flagrante e passou a ser investigado pela Polícia Civil por tortura qualificada com resultado de lesão grave, no dia do crime.
"Na noite de ontem a Polícia Civil tomou conhecimento que a vítima veio a óbito em razão das agressões do genitor. A Polícia Civil mantêm a linha investigativa de tortura qualificada, porém agora com a pena agravada com o resultado de morte. A Polícia Civil aguardará os laudos periciais e demais diligências que estão em andamento para a conclusão das investigações", informa o delegado Ivan Lopes Sales
Se for condenado ele pode pegar de oito a dezesseis anos de prisão. O homem está no sistema prisional.