O primeiro dia útil após o aumento das passagens do metrô de Belo Horizonte de R$ 4,50 para R$ 5,30 — reajuste de 17,77% — teve indignação de passageiros, que reclamaram do preço e cobraram melhorias do serviço. Além disso, a reportagem presenciou nesta segunda-feira (3) um problema de operação: uma composição ficou sem luz durante parte da viagem. 

A diarista Suzinete Alves Quintino, de 40 anos, foi surpreendida com o reajuste. “Eu não estava sabendo. Eu ainda não somei para ver quanto a mais vou gastar, mas ficou bem puxado”, admite. A trabalhadora usa o serviço duas vezes por dia, de segunda a sexta-feira.

Ela revela que teme até perder trabalhos por causa do gasto com transporte. “E o metrô não melhorou nada. Demora, é cheio demais. Tinha que ter melhoria [antes de ocorrer o reajuste]”, afirmou Suzinete.

O estagiário Mateus Natanael de Jesus Amorim, de 23 anos, que cursa engenharia mecânica, também não vê melhorias no serviço que justifiquem o aumento. “A cada cinco dias que eu pego o metrô, quatro são com as composições antigas [que não têm ar-condicionado]”, relata. 

Ele estima que, com o reajuste, precisará gastar R$ 45 a mais por mês. “É um dinheiro que eu poderia investir em algo futuro”, afirma. Ele também teme que o aumento motive demissões. “Muitas empresas, por causa do deslocamento, optam por contratar pessoas mais próximas ao trabalho”, diz.

A reportagem embarcou em uma composição que saiu às 17h40 da estação Eldorado, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. Durante parte do trajeto, houve problema de falta de luz. 

Procurada, a concessionária Metrô BH, responsável pela administração do modal, afirmou que "uma de suas composições apresentou um problema técnico e ficou com as luzes internas apagadas nesta segunda-feira, por volta de 17h50". "O problema foi prontamente solucionado e o trem seguiu viagem normalmente", garantiu.

Em posição recente, a concessionária Metrô BH informou que a frota atual de trens é composta por 10 composições da fabricante CAF, que possuem ar-condicionado e 25 trens fabricados pela Cobrasma, que são compostos de um sistema de ventilação e exaustão, sem ar-condicionado.

Reajuste previsto em contrato 

O reajuste de 17,77% estava previsto no contrato de concessão do metrô de Belo Horizonte para a iniciativa privada, assinado em março deste ano. O aumento corresponde à inflação entre março de 2021 e março de 2023, período em que a passagem permaneceu sem reajustes, explica o governo de Minas. 

Melhorias 

Com lance único de R$ 25,75 milhões, o Grupo Comporte — que reúne empresas de transporte rodoviário e urbano de passageiros, cargas e turismos — venceu o leilão de concessão do metrô de Belo Horizonte, realizado em 22 de dezembro na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).  A assinatura do contrato ocorreu em março. 

Conforme a concessionária Metrô BH, administrada pelo Grupo Comporte, desde que assumiu a operação, foram promovidas melhorias, como internet gratuita nos carros, testes para implantação da bilhetagem digital e ampliação do horário de funcionamento da bilheteria. Além disso, a empresa afirma ter reduzido o tempo médio da viagem entre a Estação Eldorado e a Central de 25 minutos e 42 segundos para 18 minutos e 54 segundos. 

Segundo a empresa, o projeto de revitalização das 19 estações da linha 1 já está em andamento, e as obras começarão em setembro. A primeira estação a receber intervenções será a Lagoinha, além do pátio de Manutenção São Gabriel.