Crise

Metrô de BH não tem avanço há 16 anos

Últimas estações foram inauguradas em 2002 e, desde então, foram só promessas não cumpridas

Por Luciene Câmara
Publicado em 05 de fevereiro de 2018 | 03:00
 
 
 
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O metrô de Belo Horizonte está parado no tempo desde 2002, ano em que as últimas três estações – São Gabriel, Primeiro de Maio e Waldomiro Lobo – foram inauguradas. Desde então, várias promessas de expansão foram feitas, sendo a mais recente em novembro passado, quando o governo federal liberou R$ 157,7 milhões para a ampliação da linha 1. Mas, em vez de crescer, o serviço corre o risco de parar de funcionar, conforme O TEMPO mostrou nesse domingo (4).

A reportagem teve acesso a ofício assinado pelo diretor presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), José Marques de Lima, no qual ele relata o severo corte promovido pelo governo federal no orçamento dos metrôs em 2018 e prepara alternativas. Além de interrupção de serviço de manutenção, conservação e limpeza, ele prevê a restrição do funcionamento apenas para os horários de pico – de segunda a sexta-feira, das 5h30 às 8h30 e das 17h30 às 19h30 – a partir de 5 de março.

“Misericórdia, acaba com a nossa vida. Esperava que o metrô chegasse até Betim (região metropolitana), não que fosse diminuir ou fechar”, disse a comerciante Lígia Bruna Avelino, 30. A verba destinada pelo governo federal para BH foi de R$ 56 milhões, quase metade do enviado em 2017 – R$ 103 milhões. Esse dinheiro só dura até junho, segundo o Sindimetro-BH.

Nesta segunda-feira (5), representantes do sindicato vão a Brasília pedir apoio de parlamentares e cobrar mais recursos do Ministério das Cidades. O deputado federal Laudívio Carvalho (SD/MG) disse que buscará entender a necessidade e pedir mais recursos. “Falta interesse e diálogo entre os governos”, afirmou.

Injustiça

“Se houver redução é injustiça, pois são 210 mil pessoas por dia. Quanto o metrô não vai perder com isso?”
Geraldo Barbosa, 72
aposentado

Necessidade

“Preciso do metrô em horários alternativos. Não sei o que vou fazer se reduzir, dependo do serviço diariamente.”
Roseimeire da Silva, 46
cuidadora de idosos

Posicionamentos sobre a crise

Governo. A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop) declarou que o metrô é competência da União e que não iria comentar o assunto.

Prefeitura. O município de Belo Horizonte informou que irá se manifestar nesta segunda-feira (5).

União. A reportagem tentou contato com o Ministério das Cidades e a CBTU, mas os assessores não foram localizados.

Relatório. Em um plano de ação de 2017, a CBTU já sinalizava a crise, com queda de 6% na receita e de 1,2% no índice de usuários.

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