Levantamento

MG: casos de pacientes internados por dificuldades respiratórias graves explodem

Balanço da Fiocruz aponta que, nas últimas quatro semanas, número cresceu 67% na comparação com 2019 e que aumento pode ter relação com o coronavírus

Por Lucas Morais
Publicado em 27 de março de 2020 | 21:09
 
 
 
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Febre, tosse, dor de garganta e dificuldade para respirar. Estes são apenas alguns sintomas da síndrome respiratória grave, causada por diversos vírus, como o H1N1, e mais comuns nos meses frios do inverno. Mas neste ano, junto com chegada do coronavírus, o Estado viu o número de casos disparar. É o que aponta o balanço da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

De acordo com o Infogripe, só entre 25 de fevereiro, data em que foi confirmado o primeiro caso de coronavírus no Brasil, e a semana passada, foram registrados 318 casos de pacientes internados com insuficiência respiratória grave em Minas Gerais. O índice é 67% superior ao do mesmo período do ano passado, quando houve 190 ocorrências. Na comparação com 2018, a alta chega a 125%.

Em todo o ano, foram 532 registros – as últimas quatro semanas concentraram quase 60% do total de casos. Só entre os dias 16 e 22 de março, ocorreram 118, o que, conforme a Fiocruz, aponta uma curva vertiginosa de pacientes internados –, e a expectativa é aumentar ainda mais. Para o coordenador do Programa de Computação Científica da fundação, Daniel Vilela, os dados podem ter relação com a pandemia da Covid-19 no país.

"Desde o início do ano os números da síndrome respiratória aguda grave estão mais elevados do que o histórico observado nos anos anteriores. O padrão é ter um número muito mais baixo na época do verão, para depois crescer no inverno. Não entramos ainda na época usual de casos, e, nas últimas duas semanas, os números aumentaram ainda mais, o que pode ter relação com o coronavírus", explicou.

Faixa mais atingida

O levantamento da Fiocruz apontou ainda que pessoas com mais de 60 anos foram as que mais tiveram complicações respiratórias neste ano – quase 20% do total de pacientes estão nesta faixa etária. "Com essa questão do Covid-19, é mais importante ainda a população ter atenção para as medidas de distanciamento social. O número de casos está realmente muito alto nas semanas mais recentes, e é importante todos prestarem atenção aos óbitos que podem surgir para a população mais idosa", recomendou.

Devido à demora da divulgação de exames para confirmar o coronavírus, com os laboratórios de referência no país sobrecarregados pelo aumento da demanda, os dados de internações do Infogripe antecipam a explosão de casos da doença em todo o país, conforme especialistas. "A síndrome pode ser causada por diferentes vírus, mas o número de casos cresceu muito desde a chegada do Covid-19", argumentou Vilela. 

Sistema de saúde

Em todo o país, só entre os dias 15 e 21 de março, a quantidade de pacientes internados por dificuldades respiratórias chegou a 2.250, o que, para a Fiocruz, já mostra uma pressão inédita sobre o sistema de saúde brasileiro, seja público ou privado. Na comparação com a semana do dia 25 de fevereiro, o número de casos não passou de 662.

A média de internações pela síndrome nos meses de fevereiro e março já está dez vezes maior que o registrado historicamente. "Pode também ter uma relação com os padrões atípicos do clima (toda a região Sudeste registrou recorde de chuvas e temperaturas mais amenas na comparação com outros anos), mas não tem como confirmar", contou o coordenador.

Considerado eixo de disseminação do vírus pelo país, só o Estado de São Paulo concentrou na última semana 1.218 casos, quase 55% de tudo o que foi registrado no país.

Confira o levantamento nos gráficos:

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