Saúde

Minas está com baixa cobertura vacinal de HPV: 'Temos imunizantes sobrando'

Vacina deve ser aplicada em meninos e meninas de 9 a 14 anos e previne contra o câncer

Por Vitor Fórneas
Publicado em 13 de janeiro de 2023 | 16:22
 
 
 
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A cobertura vacinal contra o Papilomavírus Humano (HPV) está abaixo do recomendado em Minas Gerais. É o que alerta a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). O imunizante deve ser aplicado em meninos e meninas de 9 a 14 anos e previne contra o câncer. 

O Ministério da Saúde preconiza que o ideal é que haja 80% de vacinação nos grupos elegíveis. No entanto, a realidade mineira está longe do ideal. A cobertura acumulada em crianças e adolescentes, do sexo feminino, esntre 2014 e 2020 é de 66,12%; enquanto entre os meninos, entre 2017 e 2020, alcançou 54,27%. Em números, são 4.075.582 crianças e adolescentes imunizadas com a primeira dose e 2.385.537 que receberam a segunda dose.

Crianças e adolescentes serem imunizados é de suma importância, pois a vacina é uma estratégia de prevenção e redução de doenças ocasionadas pelo vírus, como cânceres do colo do útero, vulva, vagina, região anal, pênis, boca e garganta, além de verrugas genitais.

O secretário de Estado de Saúde, Fabio Baccheretti, destaca a importância da vacinação e sobre a necessidade dela ser aplicada na faixa etária correta. “Essa é a idade certa para que se proteja por toda a sua vida. Temos vacinas sobrando nos postos porque menos da metade dos adolescentes tomaram duas doses. Vamos garantir mais uma proteção para a saúde das nossas crianças e adolescentes, alertou.

Tabu dificulta imunização

Para a presidente da Regional Minas Gerais da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm-MG), Jandira Campos Lemos, um dos motivos para a baixa cobertura é o tabu que a vacina pode trazer por proteger contra uma possível Infecção Sexualmente Transmissível (IST). 

“A vacina induz à proteção, não induz à atividade sexual. É importante a vacina antes da pessoa iniciar a fase de atividade sexual justamente para diminuir a circulação dessas doenças, assim como se vacina contra a gripe antes do inverno”, afirma. 

Jandira reforça ainda a importância dos pais também somar à imunização orientações das demais medidas de prevenção de transmissão de ISTs. 

Esquema vacinal 

O esquema da vacina HPV compreende duas doses, com intervalo de seis meses. A criança pode receber a segunda dose mesmo após completar 15 anos, mas é essencial que tenha tomado a primeira até 14 anos, 11 meses e 29 dias. O imunizante é utilizado por mais de 100 países e foi incorporado de forma escalonada ao SUS a partir de 2014. 

Além de crianças de 9 a 14 anos, também devem ser vacinados os grupos com condições clínicas especiais: pessoas de 9 a 45 anos de idade vivendo com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos e de medula óssea, e pacientes oncológicos. Nestes casos, devem ser administradas três doses da vacina, com intervalo de 2 meses entre a primeira e segunda dose, e 6 meses entre a primeira e terceira dose. Para a vacinação destes grupos, é necessário haver prescrição médica. 

HPV 

É estimado que o Brasil tenha de 9 a 10 milhões de infectados pelo Papiloma Vírus Humano e que, a cada ano, 700 mil casos novos da infecção surjam. Trata-se de um vírus que atinge a pele e as mucosas, podendo causar verrugas ou lesões precursoras de câncer, como o câncer de colo de útero, garganta ou ânus. 

Atualmente, existem mais de 200 tipos de HPV - alguns deles podendo causar câncer, principalmente no colo do útero e do ânus. A doença é conhecida como condiloma acuminado ou, popularmente, como verruga genital, crista de galo, figueira ou cavalo de crista. 

A infecção pelo HPV normalmente causa verrugas de tamanhos variáveis. No homem, é mais comum na cabeça do pênis (glande) e na região do ânus. Na mulher, os sintomas mais comuns surgem na vagina, vulva, região do ânus e colo do útero. As lesões também podem aparecer na boca e na garganta. Tanto o homem quanto a mulher podem estar infectados pelo vírus sem apresentar sintomas. 

A principal forma de transmissão desse vírus é pela via sexual. Para ocorrer o contágio, a pessoa infectada não precisa apresentar sintomas. Mas, quando a verruga é visível, o risco de transmissão é muito maior. O uso da camisinha durante a relação sexual geralmente impede a transmissão do vírus, que também pode ser transmitido para o bebê durante o parto.

Com SES-MG

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