Esforço

Mineiros levaram queijos 'clandestinamente' para vencer concurso na França

Produtores da Serra da Canastra precisaram de 'manobra' para conseguir chegar com os queijos na Europa; lá, conquistaram medalhas

Por Luiz Fernando Motta
Publicado em 08 de junho de 2019 | 11:51
 
 
 
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Um convite irrecusável - participar do "Mondial du Fromage" (Concurso Mundial de Queijos), em Tours, na França - e um problema para resolver - a falta de legislação e autorização das autoridades brasileiras para os participantes embarcarem em um avião com 60 queijos produzidos artesanalmente na Serra da Canastra, em Minas Gerais.

Os produtores da Canastra não só conseguiram embarcar com os queijos, como voltaram da França com três medalhas superouro, a maior da premiação. A solução encontrada foi acomodar os produtos em quatro malas e contar com a prerrogativa de ter em mãos uma carta-convite da organização do festival.

O presidente da Associação de Produtores de Queijo Canastra (Aprocan), João Carlos Leite, o Joãozinho da Canastra, conta que apesar da falta de legislação do governo brasileiro, a viagem foi toda planejada. Saíram de Minas Gerais uma equipe de quatro pessoas, uma produtora, dois gerentes da associação e um advogado.

No aeroporto de Viracopos, em Campinas, no interior de São Paulo, as malas chegaram a ser vistoriadas pela Polícia Federal e a produtora Maria Lucilha chegou a temer que os agentes jogassem o queijo fora.

No entanto Joãozinho conta que a situação foi tranquila. "Ao passar no raio-x é claro que eles iriam olhar. Mas não era droga, não era bomba: era queijo", brinca o presidente da associação.

Segundo ele, essa não era uma questão da Polícia Federal. "A inspeção sanitária brasileira também não olha essa questão de estar saindo produto alimentício. Quem tem que olhar é lá na Europa", diz.

A União Europeia, no entanto, proíbe que passageiros carreguem derivados de leite na mala. Mas, na chegada na França, o produto passou pela alfândega, mas não houve inspeção e os mineiros desembarcaram sem maiores problemas.

Ele explica que a associação se resguardou enviando à organização a relação dos queijos, o nome dos produtores e quem iria transportá-los. "Os queijos estavam indo para um concurso mundial, não estão para a venda. Se a França autorizou um concurso mundial, então tem que autorizar a entrada dos queijos", explica.

Esforço

Segundo ele, além da falta de legislação, outro empecílio foi a falta de patrocínio para a viagem. "Neste ano nós não tivemos nenhum apoio financeiro. Então os produtores da Canastra quantizaram e se organizaram para pagar de acordo com a quantidade de queijo que queriam mandar", conta.

Segundo ele, a categoria aguarda para que o presidente Jair Bolsonaro assine o decreto de regulamentação do Selo Arte, que visa dar ao consumidor segurança de que o processo de produção é realizado respeitando características e métodos tradicionais ou regionais próprios, e atendendo à medidas de segurança sanitária.

"Depois disso, vamos ter de unir forças ao Ministério da Agricultura, para que o ministério solte uma instrução normativa regulamentando a produção de queijo de leite cru no Brasil", conta Joãozinho.

Premiação

O esforço valeu a pena e três queijos mineiros da região da Canastra foram premiados com a medalha Superouro. São eles:

1) SANTUARIO DO MERGULHAO CURADO. Produtor: Silmar De Castro Mota - São Roque de Minas

2) QUEIJO VALE DO GURITA. Produtor: Arnaldo Adans Ribeiro Pinto – Delfinópolis

3) CANASTRA DO IVAIR. Produtor: Ivair Jose De Oliveira - São Roque de Minas

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Canastra Real maturando na #queijariavaledagurita #delfinopolis #serradacanastra

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