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Missão sem prazo para acabar

Corpo de Bombeiros atua diariamente para reduzir a zero o número de vítimas ainda desaparecidas

Por Clarisse Souza
Publicado em 25 de julho de 2019 | 03:00
 
 
 
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Seis meses após a ruptura da barragem I da mina de Córrego do Feijão, equipes do Corpo de Bombeiros ainda se revezam diariamente em uma corrida contra o tempo para fazer uma varredura nos 4 milhões de metros quadrados cobertos pela lama em Brumadinho. A missão é reduzir para zero o número de desaparecidos na tragédia, antes que não seja mais possível encontrar restos mortais em condições para reconhecimento. A operação, entretanto, não tem prazo para terminar. “A gente não trabalha com uma data-limite. O objetivo é encontrar as 22 pessoas que ainda faltam”, garante o capitão adjunto de operações do Corpo de Bombeiros, Patrick Tavares Gomes. 

“Estratégia” é a palavra-chave nessa operação, que se tornou, ainda em março, a maior já realizada no país. Com levantamento de informações sobre a posição aproximada de cada vítima no momento da tragédia e o estudo do movimento feito pelos rejeitos no momento do colapso da barragem, os militares conseguiram localizar restos mortais de 248 pessoas, o que representa 92% do total de vítimas do desastre. 

Até a tarde de anteontem, 700 corpos ou segmentos corpóreos já haviam sido encaminhados para o Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte. Desse total, 578 foram identificados com ajuda de métodos como análise da arcada dentária, impressão digital e exames de DNA – há casos em que vários fragmentos pertenciam ao corpo de uma única pessoa.

Para dar mais celeridade ao processo de identificação das vítimas, o diretor do IML de BH, José Roberto de Rezende Costa, explica que a equipe do instituto trabalha com cruzamento de dados. “Quando encontramos um segmento corporal que a gente supõe ser, por exemplo, de um homem com determinada idade e estatura, podemos cruzar dados para fazer testes dirigidos (a essas características). Isso evita que a gente precise fazer comparações com os 270 desaparecidos”, esclarece. 

Apesar do alto índice de vítimas já reconhecidas – segundo a Polícia Civil, nenhum outro desastre de massa no mundo alcançou a taxa de 92% de corpos identificados –, familiares de desaparecidos temem que o trabalho de buscas se encerre sem que eles consigam encontrar os restos mortais de seus entes queridos. Esse é o medo do aposentado Arnaldo Nunes da Silva, 58, que ainda espera notícias do filho Tiago Tadeu Mendes da Silva, 34. “Quando encontrarem o corpo, será aquele baque, mas pelo menos a gente vai saber onde ele está. Agora, o dia que os bombeiros saírem de lá, acaba minha esperança”, diz. 

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