Região Oeste de BH

Moradores do Gutierrez querem impedir Carnaval no bairro

Desde o início da semana, um abaixo-assinado circula pelas residências e comércios do bairro pedindo que desfiles e ensaios carnavalescos não tenham autorização para ocuparem a região

Por Mariana Nogueira
Publicado em 17 de janeiro de 2018 | 15:53
 
 
 
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A poucos dias do Carnaval, moradores e comerciantes do bairro Gutierrez, na zona Oeste de Belo Horizonte, estão se articulando para impedir que a festa aconteça no local. Desde o início da semana, um abaixo-assinado circula pelas residências e comércios do bairro e pede que desfiles e ensaios carnavalescos não tenham autorização para ocuparem a região. Intenção dos organizadores é que documento seja entregue ao Ministério Público (MP) e a Prefeitura de Belo Horizonte até a próxima segunda-feira.

Uma comissão composta por um comerciante, dois advogados e um morador encabeça a organização do abaixo-assinado. Segundo o cabeleireiro Wellington Luiz Medeiros, o incômodo já era recorrente ao longo dos anos, mas ganhou maiores proporções na noite da última sexta-feira, quando um evento marcado pelas redes sociais levou dezenas de pessoas para a Praça Leonardo Gutierrez. Na ocasião, a  Polícia Militar (PM) e os participantes da festa entraram em um confronto, tendo ocorrido, inclusive, explosões de bombas de gás lacrimogêneo.

“O pedido de todo mundo é que realmente não haja o carnaval aqui no bairro. Nós não somos contra o carnaval, mas os organizadores só combinam entre eles e não conversam com a população. Esse bloco que tem aqui, o “Me Beija Que Eu Sou Pagodeiro”, vem e faz o carnaval até certo horário, aí depois de tocar eles vão embora, vão comer feijoada, e deixam 5.000 pessoas aqui para nós resolvermos. Nós queremos que tenha ponderações. Queremos que eles nos ouçam para que possamos saber como resolver. Às vezes, pode começar o esquenta aqui e ir para outro lugar”, afirmou.

Segundo Medeiros, além do incômodo gerado aos moradores, as condições da praça também são uma preocupação. “Eles chegam e sobem nos canteiros. Você não consegue andar na praça. Eles não querem nem saber, fazem xixi nas árvores, nos postes, nos portões. Os jovens estão sem noção. O que a gente quer é mais organização e segurança, porque o pessoal é realmente muito atrevido”, afirmou.

A aposentada Eliane de Vasconcelos, 65, assinou o abaixo-assinado e concorda com Medeiros. “A praça está jogada às traças, ninguém cuida, e faz esses encontros aqui e acaba com o que ainda tem. Acho um horror esses blocos. É muita bagunça. Fica fazendo xixi na porta da gente, bagunça demais, exagerado. Eu venho na praça quase todos os dias com a minha neta e está muito mal cuidado”, afirmou.

Para o sócio-fundador e organizador do bloco “Me Beija Que Eu Sou Pagodeiro”, Matheus Brant, o abaixo-assinado soa como intolerância de uma parcela dos moradores. “Não conseguem lidar ou não querem lidar com as pessoas que vêm de outros bairros ou de comunidades próximas para o Gutierrez, que são pessoas diferentes deles e que possuem gostos musicais diferentes. O pretexto de resguardar a segurança dos moradores do bairro está, na verdade, se querendo uma higienização, impedindo que manifestações culturais diferentes possam vir aqui”, afirmou.

Segundo Brant, mesmo antes da polêmica, o desfile do bloco já não aconteceria no mesmo local. “O bloco cresceu muito e precisa acontecer em vias mais amplas para abrigar mais pessoas”, explicou.

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