A mobilização de várias pessoas para salvar um gatinho doente que se arrastava pela ruas do Barreiro, em Belo Horizonte, foi em vão. Na segunda-feira (15), a supervisora de call center Liamara Silva, de 28 anos, ficou sensibilizada com a situação agonizante do animal adulto, em frente à empresa Alma Viva, onde trabalha, e telefonou pedindo ajuda ao técnico em zootecnia Arley Ferreira Fulco, de 38 anos, que é diretor da ONG Aliança Pró Vida Animal (Aprova).
Liamara foi orientada a contratar um motorista do aplicativo Uber para que deixasse o gato no Pet Shop Ebenézer, localizado na rua Tupã, 55, no bairro Lago Azul, em Ibirité, na região metropolitana. No entanto, a numeração foi digitada com um 5 a mais e o motorista abandonou o animal em frente ao número 555.
Arley conta que telefonaram para o motorista e foram informados onde o gato havia sido abandonado. Funcionários e clientes da clínica saíram de carro à procura do bichano, que foi encontrado morto. Chovia muito, e ele não resistiu.
Arley conta que recebeu o pedido de ajuda de Liamara por volta das 13h de segunda-feira. “Ela disse que havia um gato caído do lado de fora da empresa, mas eu disse que estava em Belo Horizonte. Então, eu a pedi para que encaminhasse o animal para a clínica em Ibirité, para que o mesmo recebesse atendimento do veterinário. Eu falei que buscaria o animal na clínica assim que voltasse para Ibirité, ou a clínica o levaria de carro à minha casa”, conta Arley, lembrando que Liamara não poderia sair do serviço, naquele momento, para socorrer o gatinho.
Mobilização
Arley conta que Eliamara telefonou para a clínica e combinou a entrega do animal. "Ela chamou o Uber, botou o endereço da clínica e pagou pela corrida. O percurso seria de apenas 15 minutos. Mas, depois de 30 minutos, o animal ainda não havia sido entregue", conta Arley.
“Liamara me telefonou preocupada. Depois, ela ligou para o motorista do Uber e foi informada por ele que o número da clínica estava errado e que ele havia largado o animal próximo ao número 555. Agora, eu pergunto: Se fosse uma televisão de 50 polegadas ele deixaria na rua?”, questiona o técnico em zootecnia.
Arley reclama que o motorista deveria ter telefonado para quem o contratou para informar que não havia encontrado o endereço. “Como a corrida já estava paga, simplesmente largou o animal na rua, como se fosse lixo, e foi embora”, reagiu.
O técnico disse que funcionários da clínica e até os clientes ficaram preocupados e saíram de carro à procura do gatinho. “No dia, estava caindo um chuvão. Com muito custo, acharam o animal. Mas, ele já estava sem vida”, lamentou.
Mesmo morto, o gato foi levado para a clínica para elaboração de um laudo. “O animal já estava em estado de choque. Dois minutos a mais, ou a menos, fariam muita diferença. Ele poderia ter sido salvo”, disse Arley.
O defensor conta que reclamaram da empresa Uber e a resposta dada a Liamara foi que o “objeto” dela não havia sido localizado. “É crime abandonar o animal. Se o gato não poderia ter ido sozinho de Uber, o motorista tinha que ter falado. O motorista também deveria ter voltado com o gato para a empresa onde a funcionária contratou a corrida”, reclamou Arley, citando algumas leis proteção aos animais, como a de Crimes Ambientais, de número 9.605/1998, e a Lei Estadual 22.231/2016.
O técnico em zootecnia adiantou que vão buscar o laudo sobre a morte do gato na clínica e registrar boletim de ocorrência na Polícia Civil. “Vamos entrar com um processo contra a Uber para que isso não venha a acontecer de novo. Um absurdo”, reagiu ele.
Resposta
A Uber disse lamentar profundamente que o gato tenha sido abandonado pelo motorista parceiro e lembrou que abandonar animais é crime previsto em Lei. “A Uber não é conivente com esse tipo de conduta”, afirmou.
Ainda de acordo com a empresa, “o serviço do aplicativo é de intermediação para o transporte de pessoas, não sendo apropriado para o transporte de animais desacompanhados.”