A partir de meia-noite

Motoristas e entregadores de apps de BH cruzarão os braços por 24h nesta terça

Além desta mobilização conjunta, no próximo dia 1º os motoentregadores farão paralisação e ato, ficando parados durante o fim de semana

Por José Vítor Camilo
Publicado em 28 de março de 2022 | 19:59
 
 
 
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Com uma paralisação geral planejada para começar a partir de sexta-feira (1º), os entregadores das plataformas de delivery decidiram apoiar e aderir ao "apagão" dos motoristas de aplicativos de transporte de BH, que prometem desligar os telefones por 24h, começando à meia-noite desta terça-feira (29).

A informação foi confirmada à O TEMPO, na noite desta segunda-feira (28), por Warley Leite, presidente da Associação dos Prestadores de Serviço que Utilizam Plataformas Web e Aplicativos de Economia Compartilhada (APPEC).

"Serão diversas cidades em todo o Brasil, em mais de 13 estados. Em Minas temos confirmados em Belo Horizonte e Juiz de Fora. O objetivo do apagão é fazer com que, a partir da meia-noite, o maior número de motoristas e entregadores por aplicativo desliguem os apps por 24h, para demostrarmos às plataformas a nossa insatisfação", detalha o sindicalista.

Leite explica que, para além desse movimento conjunto de apoio aos motoristas, na sexta tem início a paralisação dos entregadores, que prometem ficar parados também no sábado (2) e domingo (3).

"Na sexta os motoentregadores farão um ato, com concentração no calçadão da Savassi, às 9h. Depois faremos manifestação e carreata às 15h, saindo da praça da Estação", detalha o presidente do sindicato.

As principais reivindicações dos motoristas de app são o reajuste nas taxas, fim dos bloqueios chamados por eles de injustos e o direito à defesa nesta ocasião. Já no caso dos entregados, as demandas são: 40% de reajuste nas tarifas, fim do agendamento do horário de trabalho e fim da exigência de entregas com dois ou mais pedidos.

DIVERGÊNCIAS

Já o Sindicato dos Condutores de Veículos que utilizam Aplicativo do Estado de Minas Gerais (Sicovap) não irá participar da manifestação. Segundo a presidente da instituição, Simone Almeida, o trabalho via aplicativos não pode ser regulamentado e, por isso, ela afirma que o movimento seria "inviável".

Só vai fazer os motoristas perderem seu tempo, seu dinheiro, com os gastos com gasolina, e não teremos resultados concretos. Só conseguimos reivindicar se nosso trabalho for regulamentado", alega.

No entanto, o Sicovap irá apoiar a manifestação de motoboys e motofretistas, agendada para 1º de abril. Esses trabalhadores são os contratados por empresas de transporte e entregas, e não por aplicativos, como diferencia Simone.

"Existe uma lei que organiza o trabalho dessa classe, então, há regras a serem seguidas. Por isso, acreditamos que é possível ter melhorias nos ganhos e estaremos unidos", diz. (Malú Damázio)

APPS SE MANIFESTAM

Diante do anúncio do "apagão" previsto para esta terça, o Ifood, a 99 e a Uber, principais empresas que oferecem estes serviços no Brasil, foram procuradas pela reportagem.

A plataforma de delivery iFood informou, por meio de nota, que respeita o direito de manifestação e que "mantém o compromisso de diálogo aberto com os entregadores para buscar melhorias e oportunidades para os profissionais como também para todo o ecossistema".

"Vale destacar que algumas medidas já adotadas também partiram dessa construção de diálogo com a categoria. Por exemplo, o reajuste (o terceiro em 12 meses) de 50% do valor mínimo do quilômetro rodado (R$1 para R$ 1,50) e da taxa mínima (de R$ 5,31 para R$6), mudanças na comunicação sobre a sinalização de causas de restrição, ativação e desativação da plataforma", complementa a empresa.

Ela destaca ainda reajustes da taxa mínima e quilômetro percorrido ocorridos em 2021, a criação de código de validação da entrega, seguros contra acidentes pessoais e lesão temporária. "Desde o início da pandemia, o iFood já investiu mais de R$ 160 milhões em iniciativas de apoio aos entregadores", finaliza. 

Já a Uber relembrou o pacote de medidas anunciado recentemente para mitigar os efeitos da alta dos combustíveis, com cerca de R$ 100 milhões investidos em iniciativas como promoções de ganhos adicionais e parcerias que ajudam a reduzir os custos dos parceiros, além de um reajuste temporário no preço das viagens.

"O pacote faz parte de uma iniciativa global da empresa diante da instabilidade no cenário internacional causada pelo conflito no leste europeu, que tem pressionado custos de insumos em todo o mundo, particularmente os combustíveis. O preço das viagens intermediadas pela plataforma foi reajustado temporariamente em 6,5%, com o objetivo de ajudar os motoristas parceiros a lidar com o pico de alta em seus custos operacionais", pontuou o app de transporte.

A 99 também se posicionou por meio de nota. A empresa de transporte por aplicativo afirmou que "está sempre aberta ao diálogo e mantém seu compromisso em trazer novas soluções aos motoristas parceiros" e também relembrou as medidas adotadas desde o último aumento nos combustíveis, com acréscimo de R$ 0,10 por km rodado para cada R$ 1 de reajuste nos postos

"A ferramenta foi desenvolvida pelo DriverLAB, um centro de inovações da empresa 100% focado nos motoristas parceiros. O adicional será reajustado automaticamente e mensalmente, de acordo com o valor da gasolina medido pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). A solução, inédita no Brasil, visa garantir previsibilidade e melhores condições financeiras aos parceiros", diz a 99.

A este adicional, ainda segundo a empresa, soma-se ainda o pacote Mais Ganhos 99.

"Uma das ações do pacote, a Taxa Zero, oferece aos condutores 100% do valor das corridas em períodos e cidades específicas, além do recebimento de adicionais de congestionamento e deslocamento. Há, inclusive, casos em que é empregada a taxa negativa, ou seja, o valor repassado ao motorista é maior que o pago pelo passageiro. Esta diferença é custeada pela empresa para democratizar o acesso das pessoas e permitir mais ganhos aos parceiros", finaliza.

Atualizada às 20h27

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