Operação Mercador de Ilusões

MP deflagra operação contra estelionato por meio de Bitcoins em Elói Mendes

De acordo com as apurações, o líder do grupo tem um vasto conhecimento em atividades financeiras no mercado de criptoativos, especialmente de Bitcoins.

Por Natália Oliveira
Publicado em 05 de agosto de 2021 | 09:25
 
 
 
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O Ministério Público de Minas Gerais deflagrou nesta quinta-feira (5) a operação "Mercador de Ilusões'' com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa com atuação em Elói Mendes, no Sul de Minas, e em  diversos municípios no Brasil, dedicada à prática de crimes de estelionato e lavagem de dinheiro.

De acordo com as apurações, o líder do grupo, de 52 anos, tem um vasto conhecimento em atividades financeiras no mercado de criptoativos, especialmente de Bitcoins. Ele ministrava cursos e conseguia atrair a atenção e interesse de várias pessoas do Brasil para fazer contratos de investimentos com ele. 

De acordo com o promotor Daniel Ribeiro, as investigações começaram depois que dois empresários do Espírito Santo fizeram a denúncia de que tinham perdido cerca de R$ 6 milhões em dinheiro e Bitcoins ao sofrerem um golpe do suspeito.   “Esse suspeito mantinha um perfil no Instagram e no Twitter por onde conseguia cooptar as vítimas. Ele ministrava cursos de como mexer com criptoativos e conseguia angariar a confiança das vítimas, prometendo uma rentabilidade muito alta” contou o promotor. 

Ainda de acordo com Ribeiro, no início o suspeito passava a rentabilidade para a vítima para garantir a confiança delas, mas depois ele não repassava mais e ficava com o dinheiro. O homem ostentava uma vida de luxo com imóvel de alto padrão em São Paulo e carros de luxo, dentre eles uma Ferrari.  

Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em Elói Mendes, Varginha e em São Paulo. O suspeito fez ao menos 20 vítimas, desde 2017. Ele será encaminhado ao sistema prisional. “Ele prometia administrar e custodiar os investimentos em Bitcoins das empresas vítimas, mas grande parte do dinheiro que ele recebia ele nem transformava em Bitcoins”, explicou o promotor. Quatro familiares que o ajudavam a esconder os produtos do crime e um suspeito de ajudar o homem nas operações, também serão investigados.

"Os contratos eram celebrados em nome do principal investigado ou de uma empresa constituída em nome de interposta pessoa (laranja). Na prática dos ilícitos, mais de trinta milhões de reais e 400 Bitcoins (BTC´s) foram movimentados. O Poder Judiciário determinou, ainda, a indisponibilidade de bens no importe de R$30.583.388,70, para futuro ressarcimentos das vítimas identificadas e pagamento de multa criminal e dano moral coletivo em caso de condenação", informou o MPMG. 

A operação é em conjunto com a Coordenadoria Regional das Promotorias de Defesa da Ordem Econômica e Tributária (Caoet Varginha), a Coordenadoria Estadual de Combate aos Crimes Cibernéticos (COECIBER), a Promotoria de Justiça da Comarca de Elói Mendes, as Polícias Civil e Militar, Receita Federal do Brasil, e com o apoio da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCRIPTO). 

Participam das diligências seis promotores de Justiça, um analista do MP, três Delegados de Polícia, 12 Investigadores de Polícia, nove Policiais Militares e 16 Auditores e Analistas da Receita Federal.

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