A mulher morta a tiros na tarde desse domingo pelo ex-marido, em um clube do Barreiro, em Belo Horizonte, já havia sido esfaqueada por ele no mês passado, quando sofreu cortes no pescoço, no rosto e na mão. Segundo o boletim de ocorrência, o motivo havia sido porque o autor do crime, Eli Rodrigues de Souza, de 46 anos, não se conformava com o fim do relacionamento com a ex-mulher Fernanda Regiane Rodrigues Cota, de 35 anos, rompido no início do ano.

A Polícia Civil informou que houve um requerimento de medida protetiva por parte da vítima, mas sem condução em flagrante do suspeito. Segundo a corporação, a própria vítima não quis exercer representação criminal contra ele e, portanto, não foi instaurado o procedimento contra Eli. Em 2011, um outro boletim de ocorrência de ameaça foi registrado, envolvendo o casal.

Pelos crimes cometidos nesse domingo, Eli foi autuado em flagrante por homicídio, com a qualificadora de feminicídio, e por duas tentativas de homicídio, pois, além de matar a mulher, ela feriu a tiros os pais da vítima.

Depois de matar a mulher com vários tiros, e ferir o sogro e a sogra, Eli tentou se matar colocando a arma na própria cabeça, mas o revólver calibre 38 dele falhou e ele fugiu de carro do Comercial Esporte Clube, no Barreiro, onde toda a família se divertia na tarde de ontem.

Na fuga, Eli foi interceptado pela Polícia Militar e ameaçou atirar nos policiais e foi alvejado. Ele permanece internado no HPS, Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, sob escolta de agentes do sistema prisional.

Mesmo hospitalizado, Eli foi autuado em flagrante por homicídio, com o agravante de feminicídio, e por duas tentativas de homicídio. Por enquanto, ele ainda não tem condições de ser ouvido pelo delegado responsável pelo inquérito, Daniel BuchMuller.

Os pais da mulher morta, Célio Monteiro de Paula Andrade, de 50 anos, baleado no abdome e na mão direita, e Maria do Carmo Rodrigues, de 53 anos, ferida com um tiro que transfixou o tórax, permanecem internados no Hospital Júlia Kubitschek. A Fhemig não informa o estado de saúde de pacientes, mas há informações que o estado de saúde da mulher é mais grave ela permanece no CTI. O estado de saúde do autor do crime também não foi informado.

O crime foi por volta das 16h20 da tarde de ontem no clube localizado na rua José Gonçalves, 710, no Barreiro. Segundo testemunhas disseram à PM, Eli estava desde cedo no clube, com a família, e depois de uma discussão dele com a ex-mulher, de quem estava separado há quatro meses, ele foi ao carro dele e pégou um revólver calibre 38 e retornou. Ele disparou vários tiros contra a ex-mulher e os pais dela, chegando a descarregar a arma que tem capacidade para seis tiros. Eli recarregou a arma, disparou mais um tiro na direção das vítimas e apertou o gatilho outras duas vezes contra a própria cabeça, mas a arma falhou e ele não conseguiu se matar. Então, ele fugiu no HB-20 dele.

A ex-mulher dele chegou a ser socorrida pela PM e levada com vários tiros para o Hospital Santa Rita, mas já chegou morta. Os pais dela foram levados para o Júlia Kubtischek.

Eli foi perseguido por um carro da PM e foi interceptado na rua Caetano de Azeredo e já desceu do carro com a arma em punho. Ele apontou o revólver para os policiais, dizendo que iria matá-los e foi avançando em direção dos PMs. Os militares deram ordem para ele parar, mas ele não parou, e continuou andando na direção deles e fazendo ameaças, segundo disseram os militares. De acordo com os PMs, eles tiveram que atirar em Eli em defesa das suas próprias vidas.

Mesmo ferido, Eli continuou andando em direção dos policiais, com a arma apontada para eles, e os militares dispararam mais tiros contra ele, até que ele caiu e foi levado para a UPA Diamante e depois transferido para o HPS.

Peritos estiveram no clube e recolheram sete estojos deflagrados e dois cartuchos intactos calibre 38.

As vítimas baleadas no clube estavam acompanhadas de quatro crianças, duas de 13 anos, uma de nove e outra de sete anos, que foram entregues aos cuidados de primo delas, que é adulto.

Toda a ocorrência foi acompanhada por uma equipe da Corregedoria da Polícia Militar. Os policiais que atiraram no autor, um sargento e um cabo, foram levados para a sede do 41º Batalhão da PM. As armas dos militares foram apreendidas.

A corporação lavrou um Auto de Prisão em Flagrante (APF), para apurar as circunstâncias da morte de Eli, além do inquérito da Civil.

A reportagem procurou o presidente do clube onde houve o homicídio e a dupla tentativa de homicídio. Cléber Ferreira Braga, de 57 anos, não quis comentar o caso e também se recusou a dar explicações de como o autor entrou armado no clube.