Os números do coronavírus no Brasil assustam, mas a situação pode ser muito pior. Nesta sexta-feira (18), o país ultrapassou a marca negativa de 2 mil mortes pela doença, com 33.682 casos confirmados de Covid-19. A questão fica ainda mais alarmante quando observado um estudo divulgado nesta semana pela Universidade Federal de Minas Gerais. A pesquisa estima que pelo menos 238 mil pessoas estão infectadas no país, número pelo menos sete vezes maior.
Quem faz o alerta são os professores professores Leonardo Costa Ribeiro, da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG, e Américo Tristão Bernardes, do Departamento de Física da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Eles utilizaram dados de internações hospitalares motivadas por síndromes respiratórias agudas de 2012 a 2019 e compararam com o quadro em 2020.
A diferença entre o que seria esperado para os primeiros meses deste ano, sem a pandemia, e o que se observa efetivamente no sistema de saúde brasileiro gera a estimativa de que há 7,7 vezes mais casos de infecção vírus do que dão conta os relatórios oficiais.
“Está claro que há subnotificação, uma vez que o índice de testagem para o novo coronavírus é extremamente baixo no Brasil. O que fizemos foi criar um modelo matemático que considera a evolução natural das internações com sintomas parecidos com os da Covid-19. A dinâmica dessa evolução é influenciada por fatores diversos como envelhecimento da população, variações de clima, maior deslocamento da população”, comenta Leonardo Ribeiro.
Os autores lembram que, entre os países com mais de 1 milhão de habitantes, o Brasil ocupava, em 12 de abril, segundo o site de estatísticas WorldoMeter, a 13ª posição no ranking de pessoas infectadas, mas era o 29º no ranking de aplicação de testes de diagnóstico. Também até aquela data, foram aplicados no país 296 testes por milhão de habitantes, contra cerca de 8 mil nos EUA e 16 mil na Alemanha e na Itália.