Solução?

Obra de contenção de enchentes no Arrudas avança, e entrega adianta cinco meses

A expectativa é de que, em BH, a bacia de contenção comece a funcionar ainda em 2023

Por Isabela Abalen
Publicado em 05 de julho de 2023 | 11:45
 
 
 

As obras nas bacias de contenção que devem evitar enchentes no entorno do ribeirão Arrudas, em Belo Horizonte e Contagem, deverão ficar prontas antes do prazo previsto. Inicialmente, a promessa era de entrega das três bacias de contenção do Córrego Ferrugem no fim do próximo ano. Com o adiantamento das desapropriações (uma das principais dificuldades no processo), o trabalho, em curso há uma década, deverá ser concluído até julho de 2024. A informação foi confirmada pelo secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Pedro Bruno Barros de Souza, em visita às obras nesta quarta-feira (5). 

"Felizmente, nós estamos com um cronograma tranquilo. Todas as desapropriações já aconteceram. A única que falta é a da Vila Itaú, que avançou e já está a 90%. As empresas são boas, e estamos acompanhando de perto. Então tudo está caminhando", justifica a antecipação de prazos a prefeita de Contagem, Marília Campos. 

A bacia B5, na Vila Esporte Clube, em Belo Horizonte, será a primeira a entrar em funcionamento, ainda a tempo do período chuvoso deste ano, que começa no mês de setembro. Mesmo assim, o problema das enchentes não deve ser sanado enquanto as outras bacias não forem entregues. 

"Dependendo da quantidade de água que chegar das outras regiões, já que as outras bacias não vão estar prontas, é possível que a bacia em BH não consiga reter tudo. Para o fim das enchentes, as três precisam funcionar", explica o Secretário Municipal de Obras e Infraestrutura da capital, Leandro César Pereira. 

Já em Contagem, a previsão é que a Bacia B3, na Vila PTO, seja entregue em janeiro de 2024. Enquanto a bacia B4, na Vila Itaú, será a última a ser entregue, prevista para julho do ano que vem. 

Desapropriação de moradores 

O atraso na Vila Itaú ocorreu principalmente pela desapropriação dos moradores da área de construção, sob responsabilidade do Estado. São cerca de 1,5 mil famílias que saíram de suas casas. "90% da área já foi desapropriada, o restante das famílias está sendo ajustado conforme necessidade", afirmou o secretário Pedro Bruno Barros de Souza. 

De acordo com ele, para os moradores desapropriados da Vila Itaú, em Contagem, estão previstas 450 moradias. “Dessas, 150 já foram entregues, outras 150 estão em fase de construção, e mais 150 vão ser licitadas até o final do ano”, continua. 

Alívio das enchentes 

Juntas, as três bacias vão reter até 755 milhões de litros de água da chuva, impedindo que o acúmulo ocasione alagamento em vilas da região do Eldorado e Cidade Industrial até a região à beira do Arrudas, na avenida Tereza Cristina. “São milhares de pessoas que serão beneficiadas, além de empresas que sofrem com as tragédias das enchentes. Melhora a qualidade de vida, traz segurança e promove desenvolvimento econômico”, reforça a prefeita de Contagem. 

Verba 

O retorno das obras, que começaram mesmo em 2013, só foi possível, uma década depois, pela liberação de verba do Termo de Reparação da mineradora Vale - consequência do rompimento da barragem de Brumadinho.

Para as duas bacias de Contagem, são R$ 115 milhões de investimento, sendo R$7 milhões um aporte municipal. Já para a B5, em Belo Horizonte, estão sendo investidos R$66 milhões.

Moradores esperam por melhora 

A loja de produtos de construção da Mayara Campos, localizada na avenida Tereza Cristina, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, já ficou sem poder receber clientes por causa da chuva. “A loja fica entre o rio Ferrugem e o Arrudas, e todas as vezes que alaga, essa região inunda muito. O pessoal da Defesa Civil precisa fechar tudo para fazer a limpeza, pois vem muito galho, muito entulho e aí minha loja fica inacessível. Então, em relação ao comércio, me prejudica nesse ponto. Eu espero que a obra realmente saia do papel e que as efetivem. Vai melhorar demais!”, acredita.

Já para a aposentada Kátia Andrade Malheiros, o problema é ainda mais grave. Moradora da região há 56 anos, ela já perdeu as contas de quantas vezes já teve a casa invadida pela água.

“Foram várias vezes. Na minha casa e na da minha irmã que mora ao lado também. A água está sempre suja, contaminada, até porque as pessoas poluem o rio. Com isso, já perdemos tanquinho, máquina de lavar, sofás, colchão. Além de estragar, ainda temos que lidar com o mau-cheiro. Acho que, se a obra acontecer, vai melhorar, pois pior não dá pra ficar”, afirma. 

A metros dali, na casa do Ronaldo Martins, o estrago também é grande. Foram carros, móveis e até o muro estragados pelo efeito da chuva. Cansado da situação, ele não acredita que as obras serão concluídas. “É difícil acreditar, já tem tanto tempo que a obra é prometida, e nunca fizeram nada. Se sair, resolverá muita coisa, mas acho que vai ser difícil sair”, diz.

 

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