CIDADES

Parto pelo SUS pode ter acompanhante

Prefeitura de Belo Horizonte vai cobrar de maternidades conveniadas a garantia do direito das grávidas, previsto em lei.

Por MAGALI SIMONE
Publicado em 05 de maio de 2006 | 00:01
 
 
 
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Nada de ter bebê sem ninguém da família por perto. Nem de ficar no mesmo quarto com outras mulheres em trabalho de parto, sem ter ao menos um biombo para se preparar com privacidade para o nascimento do filho.

A partir do mês que vem todas as grávidas de Belo Horizonte assistidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) poderão exigir esses direitos de qualquer uma das sete maternidades conveniadas com a rede pública. A informação é da coordenadora da comissão perinatal de Belo Horizonte, Sônia Lansky.

O direito, segundo ela, foi instituído por duas legislações: a lei municipal nº 11.108, aprovada em abril de 2005, e a portaria 2.418, de dezembro do ano passado, que obrigou todas as maternidades conveniadas ao SUS a se adequarem até junho de 2006.

Para garantir que a norma seja cumprida, a Prefeitura de Belo Horizonte vai divulgar cartazes estimulando as parturientes a exigirem seus direitos. As maternidades que se recusarem a cumprir a regra poderão sofrer sanções administrativas.

"Todas as maternidades se mostraram dispostas a cooperar. Mas se alguém tiver alguma queixa, deve ligar para o SOS Saúde. Iremos apurar o caso e tomar as medidas cabíveis", afirmou a coordenadora.

Segundo Sônia, a medida vai estimular o parto natural e reduzir a mortalidade infantil. Segundo ela, em Belo Horizonte, a cada mil crianças nascidas vivas, 14 morrem. Isso representa a metade da taxa nacional de mortalidade, que é de 28 mortes para cada mil crianças nascidas vivas.

Embora a taxa de mortalidade materna da cidade seja de 44 mortes para cada 100 mil partos (a média nacional é de 72 mortes a cada 100 mil nascimentos), Sônia diz que há uma luta para reduzir os índices.

"Pesquisas na Austrália e nos Estados Unidos demonstram que quanto mais tranquila e bem assistida a mulher for no pré-parto, menos chances a criança e a mãe têm de apresentar problemas de saúde durante ou depois o nascimento do bebê", afirmou.

Voluntárias acalmam as futuras mamães

As grávidas que não contam com o apoio da família ou de amigos no pré-parto podem ganhar palavras de conforto na hora de ter seus bebês. Em todas as sete maternidades públicas de Belo Horizonte, elas poderão contar com a ajuda de mulheres que participam do programa Doulas.

Implantado em 1998 na maternidade Sofia Feldman, o programa oferece às mamães o apoio de voluntárias que as acalmam e acompanham o pré-parto fazendo massagens que reduzem a dor provocada nas contrações.

Para o coordenador do departamento perinatal do Sofia Feldman, João Batista Marinho de Castro, o programa é um sucesso. Segundo ele, hoje o hospital conta com a ajuda de 14 mulheres que dedicam 12 horas por semana para ajudar as futuras mamães atendidas no Sofia.

"Elas têm mais de 21 anos, passam por testes psicológicos e geralmente já tiveram um parto normal satisfatório. Além de acompanhar as parturientes, elas também confortam familiares que ficam muito nervosos."

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